São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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Desapropriar Ibirapuera custaria R$ 78 mi

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo gastará cerca de R$ 78 milhões só na desapropriação de 88 imóveis e dois terrenos vizinhos ao Ibirapuera.
A pedido da Folha, o consultor João Freire Davila Neto, diretor da Amaral Davila Engenharia de Avaliações, fez ontem uma avaliação dos imóveis que a prefeitura pretende demolir.
A demolição faz parte do Plano Diretor elaborado pelo arquiteto Oscar Niemeyer para recuperar o Ibirapuera. De acordo com o projeto, os imóveis devem ser derrubados para que o parque possa ser visto por todos os ângulos.
As desapropriações atingiriam as casas que ficam junto ao parque, nas avenidas República do Líbano e Quarto Centenário e ruas Leiria, São Giustu e Dr. Sarmento.
Davila afirma que os gastos maiores seriam com os imóveis da avenida República do Líbano. "As 18 casas que existem lá custariam cerca de R$ 36,8 milhões", afirma o consultor.
Auditório
Na Quarto Centenário, o custo das desapropriações seria de R$ 10,8 milhões. Valor maior que o da obra de construção do auditório, também projetado por Niemeyer para o novo Ibirapuera.
Com teto removível e capacidade para 30 mil pessoas (quando a cobertura estiver aberta), o auditório custará R$ 10 milhões.
Para os proprietários das ruas Leiria e São Giusto, a prefeitura teria de pagar, respectivamente, R$ 13,6 milhões e R$ 14,8 milhões. Na Dr. Sarmento, o custo seria de cerca de 1,8 milhão.
O valor total a ser pago com as desapropriações seria suficiente para a construção de 90 prédios do projeto Cingapura.
Outro lado
A assessoria de imprensa da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) disse ontem que a prefeitura ainda não fez a avaliação dos imóveis, para estimar os custos das desapropriações.
"O Plano Diretor deve ser executado ao longo dos anos. Ainda estamos estudando quais serão as prioridades do projeto. Não sabemos se as desapropriações serão feitas nesta gestão", disse o assessor de imprensa Paulo Antunes.
Segundo a assessoria, a prefeitura não definiu como será feita a desapropriação. O prefeito havia anunciado que tombaria os imóveis para provocar a desvalorização. Depois, quando os preços estivessem mais baixos, seria feita a desapropriação.
"É possível que seja feita a desapropriação direta, sem o tombamento", afirmou o assessor.
O vereador Arselino Tatto (PT) entrou ontem com representação no Ministério Público e no Tribunal de Contas do Município contra a medida. "Com esse dinheiro seria possível construir novos parques na periferia."

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