São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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Ex-atletas ainda lutam pelo ouro

Veteranos agora são técnicos

EDGARD ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ex-atletas brasileiros que viram frustradas suas intenções de medalha olímpica de ouro têm em Atlanta, na Geórgia, sul dos EUA, a chance da compensação: realizar o sonho de ver o seu trabalho no degrau mais alto do pódio.
São os casos, por exemplo, dos técnicos Athos Pisoni, do tiro (fossa olímpica); Nelson Pessoa Filho, do hipismo (saltos); e Cláudio Biekarck e Erik Preben, do iatismo.
Na verdade, técnico não ganha medalha. Apenas os jogadores recebem medalhas: de ouro (os campeões), prata (os vices) e bronze (os terceiros colocados).
Caso curioso aconteceu com o técnico Carlos Alberto Silva, 56, da seleção de futebol, prata em Seul-88. Na solenidade de premiação, só foram chamados os atletas para receber a medalha.
"Se fosse de ouro, tinha planejado dar de presente ao meu filho", recorda Carlos Alberto.
No momento da premiação, no entanto, o técnico disse que sentiu desejo de receber a medalha, mesmo a de prata.
"Estava um pouco frustrado, quando o Geovani desceu do pódio e veio me entregar uma medalha", disse.
O Brasil havia recebido medalhas a mais, porque jogadores inscritos pela equipe não haviam conseguido liberação para ir aos Jogos.
Athos Pisoni, 58, integrou a equipe brasileira de tiro nos Jogos de Montreal-76, mas nada conseguiu. Uma ano antes havia estabelecido o recorde no skeet (199 pontos em 200 possíveis) dos Jogos Pan-Americanos.
Estava em ascensão na carreira, quando entrou em conflito com a direção da Confederação Brasileira da modalidade.
"Parei até 1992. Agora, atiro para ficar atualizado com movimentos e máquinas", afirmou Pisoni, técnico do único atirador brasileiro em Atlanta, Jean Labatut.
Os técnicos Bernardo Rezende, o Bernardinho, da seleção feminina de vôlei, e Clínio de Freitas, do iatismo, ganharam medalhas de prata e bronze, respectivamente, como atletas. Em Atlanta, eles buscam o título de campeão.
A situação do técnico José Roberto Guimarães, da seleção masculina de vôlei, é a sonhada pelos colegas das várias modalidades.
Guimarães foi jogador da equipe brasileira, mas só comemorou a conquista de uma medalha, de ouro, nos Jogos de Barcelona-92, como técnico da seleção.
Mario Jorge Lobo Zagallo, da seleção de futebol, ganhou a mais importante competição da modalidade, a Copa do Mundo, como jogador (duas vezes), como técnico (uma vez) e como coordenador técnico (uma vez).
Zagallo tem a chance de se sagrar campeão olímpico, como técnico. Uma situação diferente dos treinadores citados, porque ele nunca participou de Olimpíada como atleta.

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