São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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Os Coen fazem a diferença

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

O que seria dos irmãos Coen, Joel e Ethan, se não fosse o artifício? Da comédia ao policial violento, os irmãos são um exemplo de maneirismo num cinema, o americano, que se criou longe dessa tradição.
Pode-se, é claro, evocar o barroco de um Sternberg, de um Minnelli. Mas o "Ajuste Final" (Fox, 23h) trabalha em outro registro. Não é a exuberância do estilo, nem a evolução alucinante que chamam a atenção. Até pelo contrário, este é um filme de personagens e câmera discretos.
O que chama a atenção, sim, são pequenos desvios em relação ao realismo: a sobrecarga nas cores, a afetação dos intérpretes, a introdução de elementos com peso simbólico (como o cachorro que aparece de tempos em tempos e é quase um "leitmotiv" à moda do cinema mudo).
Tudo isso leva os Coen a um cinema muito particular, marcado pelo jogo de aproximações e distâncias em relação tanto aos clássicos quanto aos modernos. Esse cinema fascina e deixa uma questão no ar: até que ponto o cultivo da diferença não constitui um assunto em si, nem tão interessante assim? E até que ponto os Coen não estão, antes de tudo, jogando poeira nos olhos do espectador?
(IA)

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