São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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Weffort apóia criação de uma fundação

CELSO FIORAVANTE
DA REDAÇÃO

Um museu federal em Brasília e uma fundação de fomento à produção do jovem artista brasileiro foram os dois pontos destacados no pronunciamento do ministro da Cultura Francisco Weffort na noite de anteontem em debate realizado na Folha.
O debate "O Jovem Artista e o Mercado de Arte" foi uma iniciativa do projeto "Antarctica Artes com a Folha". Além de Weffort, participaram Marcantonio Vilaça (galerista), Alberto Tassinari (crítico), Sandra Kogut (videomaker) e Nuno Ramos (artista plástico). A mediação foi de Mario Cesar Carvalho, repórter da Folha.
O primeiro ponto do discurso do ministro -a criação do museu- já é um fato. O museu possui dotação de cerca de US$ 25 milhões e o projeto da sede, do arquiteto Niemeyer. Já a fundação, ponto mais pertinente na discussão proposta pelo debate, ou seja, a adequação do mercado ao jovem artista e à sua produção, ainda é projeto.
"Devemos voltar com força à idéia de uma fundação para a arte contemporânea, para sustentá-la em um momento em que o mercado não pode fazê-lo", disse.
Weffort insistiu na necessidade de sugestões para esse tipo de iniciativa, que deveriam ser encaminhadas a Glauco Campello, no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O endereço do Iphan é: SBN, quadra 2, edifício Central, 6º andar, CEP 70040-904, tel. 061/214-6223 e 223-7181, Brasília.
Segundo o ministro, as primeiras dotações orçamentárias necessárias para projetos desse tipo devem partir do Estado, "para que se inicie o jogo", mas que é necessária a complementação da iniciativa privada. E cita a lei Rouanet. "A lei existe e é fácil de ser usada", disse.
Sobre a necessidade preeminente de conservação dos museus existentes à construção de mais um museu, Weffort disse: "Precisamos de várias coisas ao mesmo tempo. Precisamos de propostas mais práticas".
O artista Nuno Ramos criticou a fala do ministro e pediu "ações mais enfáticas e grandiosas em relação à cultura". "Se o governo de Fernando Henrique fizer um museu de arte contemporânea, terá feito muito. Não temos espaço para obras de Mira Schendel ou Hélio Oiticica. É preciso dar segurança para aquilo que já foi feito", disse.
Auto-referente, Ramos também enfatizou os problemas gerados por um mercado fraco para uma arte forte, como a brasileira. "Não existe uma estruturação que dê o verdadeiro valor do artista. O problema não é o artista jovem, mas o artista de meia-idade. Depois de participar de algumas bienais, parece que tudo acabou", afirmou.
Também auto-referente, Sandra Kogut citou a necessidade da desvinculação do mercado de linguagens como vídeo para que seja possível uma verdadeira experimentação.
O galerista Marcantonio Vilaça criticou a falta de uma política de aquisições por parte de museus e a inexistência de empresas com política de formação de acervo. Frisou também a necessidade de o Estado assumir funções mínimas em relação ao mercado, como o envio de obras-de-arte ao exterior.
O crítico Tassinari enfatizou a necessidade do mecenato do Estado para as artes. Disse também que é necessário institucionalizar para colocar a produção artística à mostra, mas criticou a simples criação de um museu como solução. "Um museu é uma leitura da arte brasileira. É preciso discutir o que mostrar e como mostrar." (CF)

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