São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 1996 |
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Favelados consertam carro da polícia
DANIELA FALCÃO
Segundo o dono da oficina, Edilson Folha Brandão, 35, a Kombi quebrou de novo, e as chances de que volte a circular são pequenas. Ele também faz de graça manutenção de outros carros da PM. O posto policial da vila Varjão, inaugurado há duas semanas, também recebeu ajuda da população. O governo forneceu mesa, cadeiras, cama, rádios e telefones. Um grupo de empresários do Lago Norte (que é vizinho a Varjão, favela com 4.000 habitantes) se cotizou para comprar cafeteira, fogão e uma geladeira pequena para dar "mais comodidade" aos policiais do posto da favela. Barco e bicicletas A ajuda à PM começou nas áreas nobres da cidade (Lagos Norte e Sul). No Lago Norte, os moradores e comerciantes juntaram dinheiro para comprar oito bicicletas para que os policiais do 3º Batalhão da PM fizessem rondas nas quadras. O Lago Norte tem um dos menores índices de criminalidade de Brasília. Em 95, foram registrados 3 homicídios, 1 estupro, 79 lesões corporais, 191 furtos em casas, 11 furtos ou roubos de carros e 3 tentativas de homicídio. No Lago Sul, moradores e empresários se uniram para recuperar nove carros da PM que estavam sem condições de trafegar. Também compraram nove bicicletas e um barco equipado com motor de popa para uso do pelotão do bairro. Há dois anos, o pelotão estava ameaçado de extinção porque a sede que ocupava -uma casa emprestada- havia sido requisitada pelo proprietário. Para evitar o fim do pelotão, um grupo de empresários construiu nova sede em terreno cedido pelo governo do Estado e doou à PM. Ajuda bem-vinda O secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Gilberto Serra, disse que não vê nenhum mal na ajuda logística da comunidade. Para ele, as dificuldades financeiras da PM são graves, e toda a ajuda é bem-vinda. Mas Serra adverte que o Estado não pode "relaxar" em suas obrigações. "A princípio, não sou contra a contribuição dos moradores. Mas eles não podem interferir na gestão. A autonomia da PM não pode ser quebrada", disse Serra. O secretário afirmou que a comunidade não pode exigir, por exemplo, que um carro doado seja usado para policiar apenas as ruas em que moram. Segundo Serra, a ajuda financeira tem que ser idéia espontânea da comunidade. Texto Anterior: Conselho obteve regularização Próximo Texto: Jardins querem pagar 'extra' a policiais Índice |
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