São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 1996
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CPMF liquidará fundo de curto prazo

GABRIEL J. DE CARVALHO

GABRIEL J. DE CARVALHO; MILTON GAMEZ
DA REDAÇÃO

Para compensar 0,20%, dinheiro terá de ficar aplicado por tempo igual ao de alternativas mais rentáveis

MILTON GAMEZ
Os fundos de curto prazo, cujo patrimônio líquido está hoje em torno de R$ 18 bilhões, tendem a acabar com a entrada em vigor da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
No mercado financeiro, a expectativa é de que a volta do "imposto do cheque" funcionará como pá de cal nesse tipo de aplicação, que permite saques a qualquer dia com alguma remuneração.
O esvaziamento desses fundos deve ocorrer porque a rentabilidade já é muito baixa, devido ao compulsório de 40%, que chegará a 50% até dezembro.
Rendem hoje de 0,57% a 0,82% bruto, com média de 0,65%, contra 1,92% projetado para o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) neste mês. Taxa bruta de 0,65% representa 0,55% líquido.
A tendência é de que os juros das aplicações caiam mais até o final do ano -apesar da CPMF, que deixaria a queda mais lenta.
Com isso, a alíquota de 0,20% praticamente empatará com o rendimento líquido dos fundos de curto prazo, podendo anulá-lo.
Como o dinheiro depositado nesses fundos geralmente é sacado em prazo inferior a 30 dias, o correntista poderá ter até prejuízo.
Suponha que em novembro, quando a CPMF deve entrar em vigor, a rentabilidade mensal líquida de um fundo de curto prazo seja de 0,40% (poderá ser menor). Isto equivale a 0,02% ao dia útil num mês de 20 dias úteis.
Se um cliente depositar R$ 1.000 num fundo desses, terá um débito de R$ 2,00 com a CPMF. Na realidade, estaria aplicando R$ 998. Aí ele resolve sacar tudo para fazer uma compra dez dias úteis depois. Embolsará R$ 999,99, ou seja, não teve rendimento algum.
Com taxa líquida de 0,30% num fundo de curto prazo, o cliente resgataria R$ 999,50, menos do que os R$ 1.000 que tinha originalmente.
Ao emitir o cheque da compra também pagará CPMF, mas isso também ocorreria se o dinheiro ficasse parado na conta corrente.
Renê Aduan, diretor do Banco Real, concorda que a tendência dos fundos de curto prazo é acabar. Para compensar a contribuição, diz ele, o dinheiro precisará ficar aplicado por um período grande, o que não faz sentido, pois há outras opções de investimento.
A poupança, já beneficiada com a queda do redutor da TR, ficará ainda mais competitiva, até diante dos outros fundos, afirma Aduan.
LEIA MAIS sobre CPMF na pág. 2-8

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