São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 1996
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Ronaldinho é gênio

JUCA KFOURI

Melhor que ele, dentro da área, só Romário. Que, como se sabe, não está na seleção olímpica.
Apesar da fragilidade dinamarquesa, Ronaldinho merece ser olhado à parte pelo que fez na goleada de anteontem.
O primeiro gol, de Bebeto, nasceu de uma bola que sobrou em jogada do ex-artilheiro do Cruzeiro.
O segundo gol, maravilhoso, de Rivaldo, contou com o auxílio sem bola do ex-artilheiro do PSV, que abriu pela esquerda levando dois marcadores e ajudou a abrir um clarão na área adversária.
O quinto gol, o mais bonito do jogo, foi dele mesmo, o futuro artilheiro do Barcelona.
E nós ainda nem sabemos se Ronaldinho será titular. Ao que tudo indica, não.
Zagallo já disse que Sávio volta no amistoso do domingo e que Bebeto é intocável.
Como pensar em três atacantes dá urticárias em nosso alegre treinador, Ronaldinho parece fadado a ser uma arma reservada ao segundo tempo, para poupar o frágil, e ótimo, Sávio. Ou como último recurso em caso de uma derrota parcial, aí quem sabe até mesmo ao lado de Sávio e com Bebeto no lugar de Juninho, que não vem rendendo o que já rendeu.
Em qualquer hipótese, Zagallo pode complicar a tarefa de buscar o ouro olímpico.
Ronaldinho é melhor que Sávio e deveria ser o titular.
Nada contra o atacante rubro-negro, ao contrário. Sávio lembra o começo da carreira de Zico, o que por si só o recomenda. E bastante.
Mas a massa muscular que sobra em Ronaldinho ainda falta em Sávio. E a frieza do garoto milionário é algo que a jóia rubro-negra precisa lapidar.
Enfim, essas são considerações despretensiosas e inúteis sobre o óbvio.
Quem não viu Romário não verá Ronaldo. O que não torna o ouro impossível, longe disso. Apenas poderá fazê-lo menos brilhante, o que será uma pena.
Pelo menos para aqueles que, além de gostar de vencer, gostam de vencer bonito e quanto mais bonito melhor.
Com Sávio e Bebeto poderemos ganhar e bonito, é claro. Com Ronaldinho ao lado deles ou de um deles, temos chance de ganhar ainda mais bonito. E com Ronaldinho e Romário poderíamos ganhar de maneira inesquecível.
Mas o nosso vitorioso Zagallo tem um ladinho masoquista.
*
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