São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 1996
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Passam o dia tangendo cabras

MARILENE FELINTO
ENVIADA ESPECIAL A FLORESTA, PE

Quando o galo canta, os meninos do sertão se levantam. Cleonaldo, Edinaldo e Eraldo acordam às 5h da manhã para trabalhar.
O sertão é longe das cidades. Fica no interior do Nordeste. A vida lá é difícil porque chove pouco e falta água. Na estação seca, o gado morre de sede, as pessoas não podem plantar e falta comida.
A Folhinha falou com meninos sertanejos que trabalham nas fazendas de Floresta, município de Pernambuco.
Cleonaldo, 13, é vaqueiro e passa o dia tangendo (guiando) bodes, cabras e vacas. Eraldo, 13, trabalha na roça, nas plantações de cebola, até as 6h da tarde.
O sertão tem espinho nas plantas e tristeza no olhar de meninos que não vão à escola e sonham com brinquedos das lojas da cidade.
Vaqueiros
Cleonaldo Ferreira dos Santos, 13, e seu irmão Almir, 11, são meninos vaqueiros.
Eles não sabem ler nem escrever. Falam um pouco diferente das crianças da cidade.
Não vão à escola porque precisam ajudar o pai, que também é vaqueiro, empregado da fazenda e analfabeto.
Na casa deles não tem televisão nem geladeira. São sete irmãos ao todo, que nunca foram ao médico nem ao dentista. Somente Cleonalda, 12, estuda e está na 2ª série.
Cleonaldo disse que gostava da escola, mas só fez até a 1ª série. "Eu tinha interesse de aprender alguma coisa. Agora eu não vou mais porque tenho que cuidar nos bichos."

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