São Paulo, terça-feira, 16 de julho de 1996
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Pais tiram filho da boca de crocodilo

PATRICIA DECIA

PATRICIA DECIA; NOELLY RUSSO
DE NOVA YORK

Família de brasileiros passeava em parque quando o filho de 7 anos caiu no pântano e foi atacado pelo animal

O garoto Alexandre Teixeira, 7, foi resgatado de dentro da boca de um crocodilo por seus pais, sábado, no Parque Nacional de Everglades, em Miami (EUA).
A família passeava de bicicleta em uma trilha do parque, quando Alexandre caiu da sua e foi parar dentro canal.
O animal, de três metros de comprimento, abocanhou o tórax do garoto, de ombro a ombro, quebrando duas costelas e provocando um início de hemorragia.
Alexandre está se recuperando num hospital infantil de Miami.
"Meu marido se jogou no canal e conseguiu manter a boca do crocodilo aberta, impedindo que ele mergulhasse com o menino. Eu pulei logo em seguida. Não sabia o que fazer e acabei enfiando a mão na boca do crocodilo. Então, ele soltou meu filho", conta Maria Odete Teixeira, 35.
O animal chegou a morder a mão de Maria Odete, provocando ferimentos. "A sorte é que ele não tem dentes afiados. O principal problema é a pressão (das mandíbulas), mas não tive nenhuma fratura."
Luta com o crocodilo
Hélio Teixeira, 46, professor de economia na USP, sua mulher, Maria Odete, e os filhos Otávio, 3, Alexandre, 7, e Clodine, 13, resolveram visitar o parque de Everglades baseados em sugestão de roteiros turísticos.
"Nós entramos no parque a pé. Havia um tour de ônibus às 15h, mas ainda eram 14h10. Resolvemos alugar bicicletas ali mesmo. De repente, após dez metros de trilha, tudo aconteceu. Não sabíamos que já havia crocodilos tão perto da entrada", afirmou Maria Odete.
Segundo ela, Clodine foi a primeira a avistar o animal, gritando para o irmão sair do canal. Alexandre teria escorregado pela segunda vez e foi atacado pelo crocodilo.
Hélio, que tem 1,90m e pesa mais de 100 quilos, segundo sua mulher, pulou no canal imediatamente e se atracou com o animal.
"Não era fundo, a água batia na minha cintura, e não havia qualquer cerca de proteção. Não tenho a menor idéia se havia outros crocodilos por perto. Na hora, você não pensa nem vê nada, só seu filho", conta a mãe.
O parque fica numa região de pântano, na Flórida, e é infestado por crocodilos. No mês passado, um avião da Valujet caiu no pântano, deixando dezenas de mortos, entre eles dois brasileiros.
Estado de saúde
A médica responsável pelo tratamento de Alexandre Teixeira, Cathy Burnweit, do Miami Children's Hospital, disse por telefone, que ele deve ter alta amanhã. Sua situação é estável e ele passa bem.
"Hoje (ontem) pela manhã ele brincou com videogames, comeu e se comportou bem", disse ela.
Segundo Burnweit, o garoto sofreu lesões no pulmão, mas elas não devem causar danos permanentes. "Não sabemos se o pulmão foi atingido pelos dentes do crocodilo ou machucado pela pressão das costelas."
Ela disse ainda que Alexandre está com um dreno no lado direito do peito, para ajudar a expelir ar e impurezas.

Colaborou Noelly Russo, da Reportagem Local

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