São Paulo, terça-feira, 16 de julho de 1996
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Brinquedos Toys'R'Us podem vir ao país

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LISBOA

Os hipermercados norte-americanos de brinquedos Toys'R'Us serão convidados a se instalar no Brasil pelo grupo português Sonae, do ramo de shopping centers e hipermercados.
A Toys é uma das maiores cadeias do mundo no setor, frequentado obrigatoriamente por dez em cada dez brasileiros que fazem compras nos EUA.
A Sonae já opera no Brasil por intermédio da Cia. Real de Distribuição, com dois hipermercados no Rio Grande do Sul (marca Big) e mais 37 entre o Rio Grande do Sul e o Paraná, com a marca Real.
Agora, o projeto do grupo português "é crescer na distribuição, sempre com parcerias brasileiras", disse à Folha Pessoa Jorge, vice-presidente da Sonae Imobiliária, um dos braços da holding.
A idéia é shoppings com hipermercados, uma característica que deu certo na Europa, mas pouco usada no Brasil. "Não vamos à conquista de nada, porque foram os brasileiros que nos ensinaram a fazer shoppings", acrescenta Jorge.
Até com os 70%
Mas ele acredita que conseguirá acrescentar algo ao setor, ao convidar a Toys'R'Us, que já trabalha com o grupo em Portugal.
Nem o fato de o governo brasileiro ter decidido, na semana retrasada, aumentar para 70% a alíquota para importação de brinquedos desanima o empresário português.
"Grupos como a Toys sabem se adaptar perfeitamente. São uma cadeia de venda de brinquedos, não necessariamente importados", diz Pessoa Jorge.
Dá o exemplo de Portugal, país em que a cadeia norte-americana montou uma fábrica e "está exportando brinquedos para o mundo todo".
O projeto da Sonae, inicialmente, limita-se aos mercados do Sul do Brasil, onde já opera. Mas, a médio prazo, a intenção é alcançar os Estados do Sudeste, nos quais se concentra a população de maior poder aquisitivo.
Além da Toys, a Sonae pretende levar para o Brasil outro gigante norte-americano, este do setor cinematográfico, a Warner Brothers.
Aposta certa
"Agora é o momento certa para investir no Brasil, porque o Brasil vai dar certo", aposta Pessoa Jorge.
O grupo aposta ainda no apoio do governo português. O primeiro-ministro António Guterres prometeu, há pouco, linhas de crédito subsidiado para empresas que decidirem investir no Brasil.
Como o custo do dinheiro no Brasil é muito elevado, a Sonae pode se beneficiar dessa promessa, se e quando ela se concretizar.
A julgar pelas intenções do presidente Fernando Henrique Cardoso é uma hipótese promissora.
Em entrevista que concedeu à publicação portuguesa "Semanário", Fernando Henrique defendeu o seguinte triângulo como base para a CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), a ser formalmente lançada amanhã:
"Angola tem petróleo, é uma boa base de negociação. Portugal tem capitais, o Brasil precisa de capitais. O Brasil tem bastante mão-de-obra, que pode produzir até mais barato. Se nós atarmos as coisas por aí, a comunidade vai existir", disse o presidente.

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