São Paulo, quarta-feira, 17 de julho de 1996
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Eletrosul faz auditoria em licitação

DA SUCURSAL DO RIO

O Conselho de Administração da Eletrosul (Centrais Elétricas do Sul do Brasil S.A.) decidiu ontem adiar a homologação da concorrência para a obra da hidrelétrica de Machadinho e fazer uma auditoria no processo licitatório.
A decisão é decorrência das suspeitas de irregularidades na concorrência. Em conversa telefônica gravada, o então diretor administrativo da Eletrosul, João Roberto Lupion, disse que teve de "mudar a concorrência" para incluir empresas no consórcio vencedor.
Lupion foi formalmente destituído do cargo na reunião de ontem. O Conselho da Eletrosul decidiu também criar uma comissão de sindicância para investigar a gestão dele na diretoria da empresa, com prazo de 30 dias para fazer seu relatório.
O ex-diretor da Eletrosul é irmão do deputado federal Abelardo Lupion (PFL-PR), líder da bancada ruralista no Congresso Nacional.
A auditoria da licitação para a obra de Machadinho (uma hidrelétrica no rio Pelotas, entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, orçada em R$ 650 milhões) tem 15 dias para ser concluída.
Os auditores serão Áureo Machado Lima Guedes, da equipe de auditores da Eletrobrás, César Freire, chefe da Auditoria da Eletrosul, e um terceiro membro a ser indicado hoje pelo Ministério das Minas e Energia.
A homologação da concorrência estava prevista para a próxima semana e fica adiada até que a auditoria termine. O contrato para a execução da obra tem assinatura prevista para até 15 de agosto, no cronograma original.
Consórcio vencedor
O consórcio vencedor da concorrência foi o GEA (Grupo de Empresas Associadas), formado por dez empresas, incluindo a Alcoa, Camargo Corrêa, Votorantim, Valesul, Inepar S.A. e empresas estatais de energia elétrica do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
A gravação, publicada pelo "Jornal do Brasil", cita a Inepar e a Copel (Companhia Paranaense de Energia) como empresas "amigas" de Lupion que estariam no consórcio vencedor.
Em "Nota de Esclarecimento" divulgada ontem, o GEA diz não ter nenhuma relação com Lupion e que não o autorizou a fazer intermediações.
Para João Canellas Pires de Mello, coordenador do GEA, o adiamento da homologação não deve gerar adiamento do início das obras, previsto para início de 97.
O presidente da Eletrobrás e do Conselho da Eletrosul, Firmino Sampaio, disse que "até o final de agosto estará tudo esclarecido".

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