São Paulo, quarta-feira, 17 de julho de 1996
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Cai ministro da Defesa da Argentina

DANIEL BRAMATTI
DE BUENOS AIRES

O ministro da Defesa da Argentina, Oscar Camilión, renunciou ontem ao cargo, após a Justiça concluir haver provas de seu envolvimento com o escândalo da venda de armas ao Equador e à Croácia.
Camilión apresentou sua renúncia à tarde, em um encontro com o presidente Carlos Menem, na residencial oficial de Olivos. Depois, participou de uma reunião com o chefe de Gabinete, ministro Jorge Rodríguez, em que foram discutidas opções para a sucessão.
É o segundo pedido de demissão que Menem recebe em menos de dez dias. Rodolfo Barra, ex-titular da Justiça, também renunciou em meio a um escândalo. Ele foi acusado de participar de um atentado contra uma sinagoga na década de 60, quando integrava uma organização de inspiração nazista.
"O presidente Menem recebeu o pedido de renúncia e vai considerá-lo ao voltar dos Estados Unidos", disse Rodríguez, insinuando que Camilión permanecerá no cargo por mais alguns dias.
Menem viajou na noite de ontem aos EUA, para participar da cerimônia de abertura da Olimpíada.
Provas
Em depoimento ao Senado, há dois meses, Camilión negou que soubesse das operações irregulares de venda de armas. Menem sempre o respaldou e, na semana passada, disse que a hipótese de sua renúncia não era considerada.
A situação começou a mudar anteontem, quando o promotor Carlos Stornelli divulgou um parecer oficial sobre o caso, indicando haver "provas suficientes" do envolvimento do ministro.
Fora do cargo, Camilión deve ser chamado em breve para depor. O grau de envolvimento do ministro com a operação irregular só deve ser determinado quando a Justiça interrogar o tenente-coronel reformado Diego Palleros.
Dono da empresa Hayton Trade, que intermediou as vendas das armas argentinas, Palleros está foragido, provavelmente em Cingapura. Seu advogado, no entanto, garante que ele está disposto a depor.
Em uma carta enviada ao juiz Jorge Urso, Palleros disse que pagou US$ 400 mil em propinas a um empresário "muito próximo ao governo" para poder concretizar as operações.
Entre os candidatos a ocupar o cargo de Camilión estariam o prefeito de Buenos Aires, Jorge Domínguez -derrotado na tentativa de reeleição, no último dia 30-, e o embaixador da Argentina nos EUA, Raúl Granillo Ocampo.

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