São Paulo, sábado, 20 de julho de 1996
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ONG alerta que camisinha jogada no mar mata animais

DA REPORTAGEM LOCAL

Preocupadas com as constantes mortes de animais marinhos que estão ingerindo lixo no litoral brasileiro, duas organizações não-governamentais de defesa do meio ambiente vão realizar em agosto duas campanhas contra a sujeira lançada no mar.
Pesquisas têm mostrado que animais marinhos estão morrendo após comerem sacos plásticos e camisinhas, que no mar, passam por lulas e águas-vivas.
Os estudos são feitos pelo Projeto Tamar-Ibama, de conservação das tartarugas marinhas, de Ubatuba (SP), da Fundamar (Fundação Museu de História, Pesquisa e Arqueologia do Mar), de São Sebastião (SP), e pelo ambientalista inglês, Clive Kelly, que há cinco meses está ancorado com seu trimarã em Ilhabela (SP).
Em São Sebastião, nos últimos três meses, a Fundamar documentou a morte de duas tartarugas por ingestão de saco plástico. O ambientalista Clive Kelly fotografou um peixe comendo uma camisinha e recolheu do mar uma tartaruga morta que levava na boca um saco plástico.
"Para cada morte por ingestão de material plástico que registramos ocorrem muitas outras que não chegam a nosso conhecimento. Por isso, não é possível saber ao certo quantos animais marinhos já morreram comendo lixo", disse a coordenadora do projeto Tamar de Ubatuba, Berenice Gallo, 32.
O Aquário de Ubatuba, primeiro privado do país, lança em agosto a campanha "Osni" (objeto submerso não identificado).
O aquário pretende distribuir 20 mil cartazes com o nome dos objetos comumente jogados no mar (sacos plásticos, garrafas plásticas, papéis, latinhas etc.) e o tempo médio que eles demoram para "desaparecer".
Segundo o oceanógrafo Hugo Gallo Neto, 30, do Aquário de Ubatuba, estudos do Mote Marine, o laboratório do Aquário da Flórida (EUA), revelam, por exemplo, que uma garrafa de refrigerante lançada no mar leva cerca de 450 anos para desaparecer. Uma linha de náilon, 600 anos; uma latinha de alumínio, 200; borracha (camisinha), 300 anos; saco plástico, entre 50 e 450 anos; papéis e papelões, entre 2 semanas e 3 meses.
"A idéia é que as pessoas afixem os cartazes em locais visíveis para que os usuários das praias se sensibilizem do perigo ecológico que é jogar lixo no mar", afirmou Gallo.
Segundo o biólogo da Fundamar Gilberto Gardino Mourão, a ONG começará a distribuir no próximo mês a pescadores e turistas panfletos explicativos sobre as consequências do lançamento de plástico no mar.
A secretária do Meio Ambiente de São Sebastião, Regina Paiva Ramos, disse que a prefeitura orienta turistas a não levarem sacos plásticos para a praia para guardarem o lixo. "Nós pedimos para as pessoas depositarem o lixo diretamente nas lixeiras de coleta seletiva."

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