São Paulo, sábado, 20 de julho de 1996
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Ernest & Young descarta lucros fictícios em balanço

Práticas contábeis do Bamerindus foram questionadas pelo BC

FREDERICO VASCONCELOS
EDITOR DO PAINEL S/A

O presidente da Ernst & Young, George Roth, nega que a empresa tenha auditado balanços do Bamerindus com lucros fictícios.
"Às vezes, determinados bancos têm práticas mais ou menos conservadoras", diz. "Pode-se ter um lucro contábil que não é um lucro financeiro", admite.
Mas Roth considera que a idéia de lucro fictício poderia implicar fraude, o que ele recusa.
A Folha apurou que as práticas contábeis adotadas pelo Bamerindus, nos últimos anos, eram questionadas internamente pelo Banco Central. Ex-dirigentes do BC confirmaram que o banco paranaense não fazia provisão (ou seja, reservas para perdas previstas) para vários créditos podres, além do FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais).
O Bamerindus nega que tinha créditos sem provisionamento contra o grupo Atalla ou que contabilizasse como lucro a diferença entre o valor de face e o de venda no mercado de títulos de empresas incentivadas no Nordeste.
BC mudado
As divergências entre o Bamerindus e o BC sobre os critérios contábeis são antigas.
O banco oficial mantém funcionários fazendo acompanhamento das operações dentro do Bamerindus.
Segundo Roth, que não nega essa fiscalização, "o Banco Central mudou a metodologia de trabalho desde o ano passado".
Ele diz que os técnicos do BC devem estar indo ao Bamerindus, assim como estão indo a outros bancos de grande porte.
Roth evita comentar a negociação do Bamerindus com o governo e as divergências na área técnica.
"Quem fala em nome do Bamerindus é o próprio banco", diz. "Não somos avalistas, somos parceiros", diz Roth.
Questão incômoda
Roth se sente incomodado com a associação feita entre o Econômico e o Bamerindus. As duas instituições são auditadas pela Ernst & Young.
Ele diz que o banco paranaense -além dos problemas criados com o Plano Real- enfrenta dois pontos específicos: os créditos difíceis do FCVS e da Sunaman, e a situação da Inpacel. "São situações distintas".

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