São Paulo, sábado, 20 de julho de 1996
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Vade retrum...

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Não adianta. Até agosto só vamos ouvir falar dos tais Jogos. Pena, pois a semana foi repleta de histórias, muitas delas engraçadíssimas.
Sem ter como explicar o fiasco ferrarista em Silverstone, o terceiro consecutivo na temporada, a mídia italiana apelou para o misticismo.
E, aquilo que deveria ser apenas o exercício estilístico de um redator qualquer, se transformou, subitamente, na mais pura verdade.
Obra do cão? Feitiçaria? Conjunção desfavorável dos astros? Mau-olhado?
Alguém foi até Maranello e descobriu um padre que sempre toca o sino da igreja local quando a Ferrari vence.
O pároco revelou tudo. Em 1979, depois de Schekter ganhar o último título, uma mulher amaldiçoou o cavallino rampante.
Seu bambino havia sido dispensado, injustamente, do cargo de mecânico da equipe. E a mamma, revoltada, praguejou: a Ferrari nunca mais ganharia e ainda mataria um piloto.
Pobre Villeneuve. Morreu naquele treino por causa da mãe de algum cretino.
Se for o caso, a Ferrari pode fazer a novena telefônica. É verdade. Vi na TV. Basta ligar nove vezes e os encostos se vão.
Tudo pela módica quantia de R$ 3,50 por minuto -como é fácil ganhar dinheiro nesse país.
Na Alemanha, o sensacionalista "Bild" adotou a tese da sabotagem. E colocou a população em polvorosa ao especular que Schummi (assim chamam o sujeito por lá) estaria correndo risco de vida!
Nesse caso, recomendo outra solução brazuca. Basta chamar a polícia de Alagoas.
Afinal, tudo pode não passar de um ordinário crime passional -como é fácil manter o poder nesse país.
Quanta bobagem.
A Ferrari, como diz o ditado, tem muito cacique pra pouco índio. Só isso.

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