São Paulo, sábado, 20 de julho de 1996
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Vingança!

JUCA KFOURI

Agora eu me vingo.
A mais importante revista esportiva do mundo, a norte-americana "Sports Ilustrated", está parecendo um jornalista que nós conhecemos e que adora fazer adivinhações.
Toda a nossa imprensa deu destaque à previsão da revista de que o Brasil ganhará 11 medalhas nos Jogos Olímpicos de Atlanta, três delas de ouro -no futebol masculino, no vôlei de praia feminino e no iatismo.
Pode ser, é claro, e não precisa ser nenhum especialista para fazê-la.
A revista ainda prevê medalha de prata no basquete feminino, no vôlei e assim por diante.
Tudo muito óbvio, pois até eu mesmo escrevi aqui, no primeiro dia deste ano, que "nossos times de vôlei masculino e feminino subirão ao pódio em Atlanta. O basquete feminino também. E nossa natação idem."
Só para ser desmentido.
Tanto, aliás, quanto a própria "Sports Ilustrated" o foi quatro anos atrás.
Então, antes dos Jogos de Barcelona, a bíblia mundial do esporte previu que o Brasil ganharia três medalhas.
E quantas ganhou? Três, exatamente três!
Sucesso absoluto?
Aparentemente, mas só aparentemente.
A revista previu ouro e bronze no iatismo, nas classes Tornado e Star.
Pois na primeira o Brasil ficou em oitavo lugar e na segunda, em 11º.
Previu ainda um bronze nos 800 m no atletismo, e Zequinha Barbosa foi quarto.
Na verdade, o Brasil ganhou ouro no vôlei masculino, disputando a final com a Holanda (a "Sports Ilustrated" previa Cuba, Estados Unidos e Itália), e no judô, embora o nome de Rogério Sampaio nem aparecesse na revista.
E ganhou prata na natação com Gustavo Borges, que também não estava cotado nos 100 m livre.
Conclusão? A bola de cristal americana é do mesmo material da nossa.
*
Minha bola de cristal para 1996 previa a cassação do deputado federal Marcos Chedid, acusado de extorquir os donos de casas de bingo.
Será?
O relator do processo é o deputado federal Benedito de Lira (PFL-AL) que, tão logo termine o período de recesso do Congresso, quer ouvir alguns bingueiros.
O deputado vê contradições entre os depoimentos deles na CPI dos Bingos e na polícia paulista.
Ouvido pela coluna, Lira desmentiu que seja afilhado de casamento de Nabi Abi Chedid, pai do deputado em julgamento, como andam dizendo, maldosamente, as paredes dos corredores da Câmara Federal.

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