São Paulo, sábado, 20 de julho de 1996 |
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Keith Teare cria canal de TV on line
KENAN MALIK
Como todos os evangelistas, ele quer passar uma mensagem -mas no seu caso não se trata da salvação espiritual ou de um caminho certeiro para a vida após a morte, e sim, segundo sua própria definição, de "um pedaço do futuro". E o futuro, segundo Teare, está aí fora no ciberespaço, esperando ser acessado ao clicar de um mouse. "A Internet promete encolher o mundo", diz ele, "reavivar o espírito comunitário e fazer de seus usuários os participantes globais dessa comunidade. Ela nos oferece a chance de nos aventurar." Teare é um dos fundadores do Cyberia, primeiro cibercafé do mundo (http://www.cyberia.com/), e é diretor da Easynet, um dos principais provedores de acesso à Internet nos EUA. Neste mês, estréia seu último projeto, o Channel Cyberia, com lançamento oficial previsto para a Feira Internacional Mundial Internet, no Olympia de Londres, na semana que vem. Descrito como "o primeiro canal Internet do mundo", Channel Cyberia é um serviço programado on line, um misto entre canal de TV e web site. Quem entrar no Channel Cyberia verá três quadros em sua tela, um principal e dois menores, um deles à direita e outro embaixo. O quadro principal mostra o programa que você quer assistir, enquanto o da direita mostra os anúncios que acompanham aquele programa. O quadro de baixo é o painel de controle. Com um clique do mouse, os espectadores podem assistir ao programa, importar um programa dos arquivos, juntar-se ao bate-papo ao vivo ou entrar num "bulletin board" associado a qualquer programa. Teare enxerga o Channel Cyberia, como todos seus projetos, como uma missão sua que visa trazer o futuro para mais perto de nós. Ele o descreve como uma "polêmica" (outra de suas palavras favoritas) contra tanto a televisão quanto a Internet. TV ou Internet? "Diferentemente da TV, o Channel Cyberia permite que você seja mais do que um simples espectador passivo", diz ele. "E, diferentemente da TV, ele traz um conceito de tempo mundial real. Um web site, por enquanto pelo menos, apenas fica ali esperando, a maior parte do tempo. No Channel Cyberia tudo é ao vivo e está acontecendo agora. "Quando montamos o Cyberia", explica, "o conceito de cibercafé -o de um espaço virtual fictício, ou sala de conferências on line, onde pessoas no mundo inteiro pudessem se encontrar e trocar idéias- já existia na Internet. Pegamos aquele conceito e o transformamos numa coisa real. No Cyberia, as pessoas entram em um mundo novo, mas se sentem à vontade nele porque estão em ambientes que já conhecem." Hoje há mais de 200 cibercafés espalhados pelo mundo, todos seguindo o modelo do Cyberia original. O próprio Cyberia já se expandiu, não apenas para Manchester e Edimburgo, mas também para Paris (no Centro Pompidou) e Tóquio. Novos cafés serão abertos em breve em Nova York, Los Angeles e Bancoc. Como diz Teare, "é um paradoxo: uma empresa criada para abrir caminho no mundo virtual acabou ficando conhecida ao construir espaços físicos no mundo real". Para Teare, o Channel Cyberia é mais um tipo de interface criada para atrair pessoas ao ciberespaço. É um avanço criado a partir de serviços on line já existentes, tais como a Compuserve ou a Microsoft Network, eles próprios projetados para facilitar seu emprego pelo usuário. O que Teare faz é trazer as capacidades da programação de televisão para o mundo on line. Tradução de Clara Allain Texto Anterior: TV recebe inscrições de cineastas Próximo Texto: Meio acentua desigualdades Índice |
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