São Paulo, sábado, 20 de julho de 1996
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Karadzic abandona a política mas não se rende ao tribunal da ONU

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O negociador americano Richard Holbrooke conseguiu que o líder dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic, renunciasse ao cargo de "presidente", mas não obteve a sua rendição.
Após negociações com o presidente da Sérvia, Slobodan Milosevic, e com enviados dos sérvios da Bósnia, chamadas por Holbrooke de "complicadas", o mediador obteve de Karadzic a renúncia à "presidência" da República Sprska e a desistência da liderança do Partido Democrático Sérvio.
Segundo a agência de notícias "SRNA", dos sérvios-bósnios, Karadzic só "congelou", mas não abandonou a liderança do partido.
Em apenas dez horas, Holbrooke conseguiu o que seus colegas europeus não conseguiram em seis meses de negociações.
O mediador foi um dos principais responsáveis pelo acordo de paz de Dayton, assinado em dezembro de 1995, que acabou com a guerra na Bósnia. Aposentado, foi convocado pelo governo para tentar garantir as eleições na Bósnia.
O governo muçulmano havia ameaçado boicotar as eleições gerais de setembro se Karadzic continuasse como presidente.
"Quero dizer que não estamos satisfeitos com o que nos deram. É menos do que nossos objetivos", disse Holbrooke. Ele afirmou que o objetivo de sua missão nos Bálcãs era conseguir a rendição de Karadzic ao Tribunal de Crimes de Guerra na Ex-Iugoslávia da ONU.
O líder sérvio foi acusado duas vezes por crimes de guerra e já teve sua prisão decretada pela corte.
A nova líder
Biljana Plavsic foi confirmada ontem como "presidente-interina" dos sérvios até as eleições de setembro. Aleksa Buha assumiu a liderança do partido sérvio.
Biljana também é considerada uma mulher de linha-dura. Bióloga, ela chegou a dizer que existe a impossibilidade científica de convivência entre sérvios, muçulmanos e croatas e que a "limpeza étnica" é um fenômeno natural e não um crime de guerra.
Ontem, investigadores da ONU disseram ter achado 154 cadáveres em uma fossa comum próxima a Srebrenica. Os sérvios são acusados de terem matado entre 3.000 e 8.000 muçulmanos na tomada da cidade do leste da Bósnia, em 1995.
Autoridades dos croatas da Bósnia prenderam um chefe de polícia muçulmano por ter supostamente cometido crimes de guerra.
Em retaliação, o governo bósnio prendeu sete croatas, mas logo os libertou. As detenções aumentaram a tensão entre muçulmanos e croatas da Bósnia, aliados.

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