São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996
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Estudo divulga dado errado

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CANDEIAS (MG)

O hospital apontado em relatório do Datasus como o que teve o mais alto índice de mortalidade materna em 1994 no país tem em seu cadastro mulheres que morreram no papel, mas que continuam vivas.
O hospital Carlos Chagas, em Candeias (a 240 km de Belo Horizonte), foi considerado o pior hospital do país em mortalidade materna devido a erros no preenchimento da AIH (Autorização de Internação Hospitalar), documento usado para cobrança dos serviços prestados ao SUS.
O aumento da mortalidade em São Paulo não foi detectado por meio desse documento. O Comitê de Mortalidade Materna checou todas as declarações de óbito de mulheres entre 10 e 49 anos.
Em Candeias, o Datasus informava que morreram 7 mães em 145 partos. Seriam 4,8 mortes a cada 100 partos -ou 2,6 vezes o pior índice do mundo, o de Serra Leoa.
Os mortos eram fetos. A Agência Folha localizou anteontem na área urbana de Candeias 4 das 7 mães tidas como mortas.
Não foi possível localizar as demais porque, em sua ficha hospitalar, consta endereço na zona rural ou em outro município.
A direção do hospital diz que a digitadora registrou a morte dos fetos no campo do formulário destinado ao registro das condições de saúde da mãe, provocando o erro.
Confusão idêntica ocorreu no Hospital das Damas, de Osasco, que aparece com a segunda maior taxa de mortalidade. As três mães tidas como mortas estão vivas.

Colaborou a Reportagem Local

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