São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996 |
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Estudo revela 'analfabeto funcional' PAULO SILVA PINTO PAULO SILVA PINTO; LUCIO VAZ
Um em cada três brasileiros que compõem a força de trabalho é incapaz de ler um manual simples sobre a sua atividade profissional. As pessoas nessa condição são os chamados analfabetos funcionais. A estimativa é da Secretaria de Formação Profissional do Ministério do Trabalho. Esse é um dos dados que indicam a precariedade da força de trabalho do país. "A estimativa de um terço é até otimista", disse a secretária-adjunta de Formação Profissional, Helenice Monteiro Leite. Os números referentes à escolaridade são ainda mais preocupantes. Entre os 71 milhões de brasileiros da PEA (população economicamente ativa) com idade entre 10 e 65 anos, 60% não conseguiram chegar à 4ª série do 1º grau. O Ministério do Trabalho está considerando que algumas dessas pessoas conseguiram aprender o suficiente fora da escola para ler um manual, o que os educadores consideram muito difícil. Os estudos setoriais que levaram à estimativa de 33% revelaram que havia pessoas com 2º grau completo incapazes de ler e compreender um manual, afirmou Helenice. Outra parcela de 20% da PEA é constituída de analfabetos absolutos, que não chegaram à 1ª série do 1º grau ou não passaram dela. A PEA inclui os setores informais. Entre os trabalhadores de carteira assinada, os números são um pouco melhores: 16% não passaram da 1ª série, e 51%, da 4ª série. Os números não tendem a melhorar muito nos próximos anos, dado o que acontece hoje no 2º grau. Estão na escola apenas 3,1 milhões dos 15 milhões de jovens entre 15 e 19 anos, 20% do total. A formação profissional é ainda mais restrita: atinge só 15% dos jovens que chegam ao 2º grau. O deputado Augusto Nardes (PPB-RS) quer aumentar esse número com um projeto de crédito educativo para os estudantes de curso profissionalizantes. O estudante teria um empréstimo de um banco estatal para pagar sua mensalidade e mais um salário mínimo de manutenção mensal. O dinheiro para os empréstimos viria do FAT (Fundo de Amparo do Trabalhador) e do Tesouro. O Ministério da Educação tem outro projeto no Congresso para aumentar o número de estudantes em cursos profissionalizantes. Eles seriam desmembrados do 2º grau. Texto Anterior: A parte da dívida externa que pode ser trocada Próximo Texto: BNDES vai socorrer governo com verbas Índice |
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