São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996
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Saiba quando e do que morre o paulistano

BETINA BERNARDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A grande maioria dos paulistanos morre com mais de 50 anos (61,4%). Nesta faixa etária, a causa mortis mais comum são os problemas coronarianos (infarto do miocárdio e outras doenças isquêmicas do coração) e cerebrovasculares (20,3% do total).
Mas um levantamento inédito, feito pela Folha com os 26.256 atestados de óbitos expedidos na cidade de São Paulo de janeiro a maio deste ano, revela que cada faixa etária tem uma causa mortis específica.
Os recém-nascidos, que representam 6,8% do total de óbitos, são vítimas principalmente das afecções perinatais (ligadas aos períodos imediatamente anterior e posterior ao parto).
Os acidentes de trânsito (basicamente atropelamentos) são o que mais matam crianças e adolescentes entre 5 e 14 anos (22,8%).
Os assassinatos, que aparecem como a terceira causa da morte dos paulistanos (8,1%), figuram como o principal motivo da mortalidade dos que têm entre 15 e 34 anos.
Se forem analisadas apenas as mortes da faixa etária entre 15 e 24 anos, os homicídios sobem para 54,4% do total de óbitos.
"O perfil das mortes em São Paulo é parecido com o dos países do Primeiro Mundo. O que destoa é a violência. É muito grande a participação dos homicídios no número total de mortes", afirma Antonio Marangoni, 42, demógrafo da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados).
A Aids, que aparece como a quarta causa mortis no geral, é o que mais mata os paulistanos entre 35 e 49 anos (12,2%).
O índice é ainda mais alto quando a análise se restringe apenas a mulheres na faixa entre os 25 e 34 anos. As complicações derivadas da contaminação pelo HIV são responsáveis por 27,9% das mulheres mortas nessa idade.
"Nos países desenvolvidos vem caindo o número de pessoas que morrem entre os 15 e os 64 anos. No Brasil, é a faixa onde há o maior crescimento. Isso ocorre, fundamentalmente, por causa da Aids e do aumento da violência", diz o médico sanitarista Marcos Drumond Júnior, 37, pós-graduando em mortalidade adulta pela Universidade Estadual de Campinas.

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