São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996
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Aids mata mais de 35 a 49 anos

DA REPORTAGEM LOCAL

O fato de a Aids aparecer em primeiro lugar como causa isolada de morte na faixa etária dos 35 aos 49 anos e de ser a primeira causa de morte entre as mulheres dos 25 aos 34 não surpreende o infectologista Vicente Amato Neto.
"No Brasil, a imensa maioria das pessoas tem Aids entre 20 e 40 anos e, nessa faixa, a maior parte está entre os 20 e os 30 anos" diz.
"As pessoas adquirem o vírus na adolescência ou quando adultos bem jovens e, como a doença leva um certo tempo para se manifestar e é fatal ainda hoje, morrem entre os 35 e os 49 anos", diz o médico.
Amato afirma que é possível aumentar de cinco a oito anos o tempo de vida das pessoas que têm Aids com uma assistência médica adequada e remédios.
Em relação às mulheres, o infectologista explica que elas estão no contexto da Aids de forma diferente do início da década de 80.
"Em 83, de cada 24 aidéticos, 1 era mulher. Hoje, de cada 3, 1 é mulher."
Drogas
M.L.S., 36, contraiu o HIV quando era um jovem adulto, durante sessões de injeção de cocaína.
Diz que passou a década de 80 "em outro mundo", que trocava seringas com qualquer um e que nunca pensou que poderia ter essa reviravolta na vida.
Se sonhava com "outro mundo" sob efeito da droga, agora a luta de M.L.S. é para permanecer acordado neste.
Ele não gosta de falar sobre sua doença. "Quero vencer a doença e sei que posso", afirma.
M.L.S. ficou sabendo ser portador do HIV há dois anos, num exame de rotina.
Desesperado, diz que pensou que morreria em um ou dois meses. Passou a tomar mais drogas ainda. Pesava 84 quilos.
Seu corpo ficou debilitado. Teve várias pneumonias sequenciais. Infecções. Chegou aos 65 quilos.
"Queria morrer. Agora, isso é a última coisa que penso. Vou viver. Vou viver muito."
M.L.S. está fazendo tratamento com a nova geração de medicamentos para o combate ao HIV. Hoje, voltou a pensar 84 quilos.

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