São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996
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Governo devolve R$ 12 bi aos bancos

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central já devolveu R$ 12 bilhões ao sistema bancário desde agosto de 95, quando a intervenção no Econômico detonou uma crise de credibilidade.
Esse dinheiro fazia parte dos recursos que os bancos são obrigados a depositar no BC, os chamados recolhimentos compulsórios.
Depois da intervenção no Econômico, o BC iniciou uma política de redução progressiva dos percentuais de recolhimento sobre contas correntes, cadernetas de poupança, aplicações financeiras e operações de crédito.
Assim, os depósitos obrigatórios caíram de R$ 53,1 bilhões em julho de 95 -um volume recorde- para R$ 41,1 bilhões hoje.
Acrescentando os R$ 13,158 bilhões liberados pelo Proer (programa de fusões bancárias) até junho, o total injetado no sistema financeiro passa dos R$ 25 bilhões.
Embora afirme que o dinheiro do Proer também sai dos depósitos dos bancos, o BC não desconta o valor das operações do programa do volume total dos compulsórios.
Ao contrário do programa de fusões bancárias, a devolução do compulsório é neutra para as contas públicas: simplesmente devolve-se aos bancos um dinheiro recolhido anteriormente.
No caso do Proer, é feito um empréstimo em dinheiro, que será pago com títulos "podres", sem valor de mercado. Por isso, o BC precisa tirar o "excesso" de moeda da economia vendendo títulos da dívida pública, que cresce.
Também diferentemente do Proer, a devolução de compulsórios beneficia diretamente todo o sistema bancário, em vez de bancos específicos.
As devoluções tiveram o objetivo de eliminar o chamado "empoçamento de liquidez" no sistema financeiro, ou seja, a resistência dos bancos em boa situação de caixa em emprestar aos demais.
Não deu muito certo, como constatou a própria equipe do presidente do BC, Gustavo Loyola -os principais bancos privados, os que mais receberam compulsório de volta, continuaram com medo de operar com os outros.
Mas os dois principais bancos federais -Banco do Brasil e CEF (Caixa Econômica Federal)- ganharam um reforço extra, permitindo que assumissem a posição de principais emprestadores do mercado.
Como são os bancos líderes em depósitos de clientes, foram os que mais receberam dinheiro de volta dos compulsórios. Passaram a emprestar volumes diários que chegaram a R$ 17 bilhões a outras instituições.

LEIA MAIS sobre o sistema financeiro na pág. 2-5

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