São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996
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Favoritismo do Brasil

SÍLVIO LANCELLOTTI

Além da estrela-guia do sortudo Mario Jorge Lobo Zagallo, o Brasil tem em Atlanta a melhor seleção olímpica de toda a sua história. Mais: basta uma análise dos adversários para se afirmar que o time de agora apenas não conseguirá o ouro tão sonhado em caso de furacão.
O futebol faz parte dos Jogos desde o torneio de Paris, em 1900. Então, num certame ridículo, com apenas três equipes, ganhou a taça a equipe do Upton Park, da Grã-Bretanha, à frente da França e da Bélgica.
Também foram irrelevantes os campeonatos de Saint Louis-1904 (três times, ouro ao Canadá) e de Londres-1908 (cinco, Grã-Bretanha).
Só em Estocolmo-12 aconteceu alguma competição de fato internacional, sucesso da Grã-Bretanha, 11 países inscritos. E só em Paris-24 e em Amsterdam-28, um elenco de antologia subiu ao topo do pódio, o Uruguai, base do quadro campeão do mundo na Copa de 30.
Em Berlim-36, a Itália antecipou seu triunfo na Copa de 38. Em Londres-48, a Suécia antecipou o bronze na Copa de 50. Em Helsinque-52 a Hungria antecipou a sua prata na Copa de 54. De Melbourne-56 até Moscou-80, o regulamento da Olimpíada favoreceu os falsos amadores do mundo comunista em detrimento do resto do planeta.
Em Los Angeles-84, com um elenco baseado no Inter-RS, o Brasil foi prata, atrás de uma França de profissionais experientes. Em Seul-88, bisou o vice, atrás da então União Soviética, conquistadora do ouro num mero acidente de contra-ataque na prorrogação.
Agora, o quadro da Olimpíada é quase o mesmo do futuro da seleção principal. Que outra seleção se concede o luxo de ignorar Romário e de colocar Ronaldinho ou Sávio na reserva?
Detesto as apostas. Somente a tradição da Argentina, porém, pode roubar o ouro de Atlanta do Brasil. Zagallo, "please", 13 rezas para evitar as urucas de tocaia.

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