São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 1996
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Atendimento privado custa mais ao SUS

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os hospitais públicos recebem menos dinheiro do SUS, proporcionalmente, por atendimentos ambulatoriais e internações do que os hospitais privados, filantrópicos ou universitários.
No primeiro semestre deste ano, o valor médio pago por atendimento ambulatorial aos hospitais públicos foi de R$ 1,85.
O maior pagamento por atendimento ambulatorial ficou com os hospitais privados: R$ 5,7 em média. Em seguida, vieram os filantrópicos, com R$ 5,17, e os universitários, com R$ 5,11.
Dea Arruda, chefe da assessoria técnica do ministro Adib Jatene (Saúde), afirmou que "os hospitais públicos ficam com o que não interessa aos particulares". Esses itens são principalmente vacinas, consultas e acompanhamento médico na casa dos pacientes.
Os outros hospitais, principalmente os privados, ficam com procedimentos mais caros, como tomografia e hemodiálise. Segundo Dea Arruda, essa inversão acaba sendo conveniente a todos.
"A necessidade de licitação na rede pública dificulta muito a compra e manutenção de equipamentos caros."
O ministro Adib Jatene afirmou que não há interesse para o SUS que os hospitais particulares façam atendimentos simples. Segundo ele, "quem recebe mais é quem está perdendo mais".
Atendimentos ambulatoriais são os que dispensam internação do paciente: consulta (R$ 2,04), aplicação de vacinas (R$ 0,50) e tomografia (R$ 21,85), por exemplo.
A hemodiálise está entre os procedimentos mais caros: R$ 73,50 por sessão. A rede particular faz 60% das hemodiálises do país.
Essa tabela de preços já inclui aumento de 25% concedido à rede conveniada ao SUS. O reajuste, no entanto, não está sendo pago desde o fim do ano passado.
Com a aprovação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, Jatene pretende regularizar a dívida com a rede.
Os hospitais públicos receberam a maior parte do R$ 1,575 bilhão gasto no primeiro trimestre deste ano: 32,95%. A rede privada ficou com a segunda maior fatia: 29,3%.
Hospitais filantrópicos ficaram com R$ 20,66%, e os universitários, com 17,09%. A participação dos hospitais públicos vem aumentando nos últimos três anos -foi de 32% em 95 e de 29,4% em 94. A dos particulares está caindo.

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