São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 1996
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O esporte é ingrato

LARS SCHMIDT GRAEL
ESPECIAL PARA A FOLHA

Meus preparativos para a campanha olímpica começaram há pouco mais de um ano e meio atrás.
Estive afastado da classe Tornado desde o final dos Jogos de Barcelona, por falta de patrocínio. Nesse período passei a competir nas classes Oceano e Soling.
Em maio de 1995, a federação de vela e os patrocinadores se esforçaram para que eu disputasse a Olimpíada.
Como eu tinha experiência, fiz dupla com o proeiro Kiko Pellicano.
Competimos em mais de 17 campeonatos no Brasil e no exterior para recuperar o tempo em que fiquei afastado.
No início, senti a falta de ritmo de competição.
Mas, no último campeonato antes da Olimpíada, disputado em Hilton Head (Carolina do Sul, EUA), acabamos em segundo lugar, enfrentando nossos principais adversários.
Isso nos deu a certeza de que a preparação para os Jogos foi correta. O esporte olímpico é ingrato. Para um atleta o primeiro objetivo é participar.
Por isso, em Los Angeles-84 fiquei satisfeito com o sétimo lugar. Nos Jogos de Seul-88 consegui o bronze. Mas em Barcelona-92 fui o oitavo.
Aqui, o objetivo único é conquistar uma medalha. Numa Olimpíada o quarto e o último lugar são muito parecidos.
Em Barcelona, eu era apontado como favorito. Mas, diante das condições de vento que encontrei, meus resultados foram considerados fracos. Nós havíamos priorizado os eventos preparatórios.
Agora, em Atlanta, tinha de ser diferente. A adaptação era fundamental para não repetir os erros de 92.
Em Savannah (400 km a leste de Atlanta), onde estão sendo disputadas as regatas, as condições de vento e raia são peculiares. O lugar também é muito quente.
Além disso, indo de ônibus, demoramos cerca de 2h do hotel até o local dos barcos.
Chegamos aqui dia 6, dia em que a marina foi aberta para os iatistas.
Os treinos só foram interrompidos por dois dias, quando o furacão Bertha passou por aqui. Aproveitei para fazer compras no supermercado.
Nos dias que antecederam as regatas, demos os últimos "sprints", a fim de nos prepararmos para as condições que iríamos encontrar.
Também usamos parte do tempo, normalmente pela manhã, para fazer ajustes no barco. As tarde foram usadas para velejar, normalmente umas quatro ou cinco horas por dia. A convivência entre os competidores tem sido superpacífica. Há "diplomacia".

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