São Paulo, domingo, 28 de julho de 1996
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Crítica de menos; Olimpíada; Excesso de anúncios; Hobby hediondo; Kit completo; Crítica abalizada; Terceira idade; Imóvel financiado

Crítica de menos
"Chovem protestos contra o jornalismo crítico, fala-se em denuncismo, pessimismo e fracassomania, mas o que há é crítica de menos. A prova é que tudo fica sem consequência, e o escandaloso, em vez de virar escândalo, vai para a gaveta.
O que em países desenvolvidos resulta em descrédito irremediável e marca o fim da festa no Brasil se resolve com uma mentira que se estabelece como verdade.
Cabe à imprensa analisar o comportamento dos que hoje discursam, dentro e fora do país, sobre prioridades sociais, valores democráticos, cidadania, ética...
Onde a farsa é possível, a imprensa não está cumprindo sua função. Felizmente há profissionais extraordinários que cumprem a sua, como Janio de Freitas, Aloysio Biondi, Carlos Heitor Cony e outros poucos."
Madalena A. Wagner (Munique, Alemanha)

Olimpíada
"Que o Brasil é o país do futebol, não duvido, porém fica claro que é o país do futebol masculino.
Quando da transmissão do jogo Brasil x Japão (feminino), pela Bandeirantes, logo após o primeiro gol do Brasil a Bandeirantes cortou a transmissão em virtude do desembarque da seleção masculina no estádio.
Essa atitude é, no mínimo, falta de respeito para com nossas atletas e com o público desse esporte, que merece destaque, tendo em vista o empenho dessas meninas na conquista de uma medalha para o Brasil."
Rosária M. Silva (São Paulo, SP)
*
"A falta de humildade e o menosprezo insensato por adversários menores e nem por isso mais fracos vitimou não somente a seleção brasileira de futebol em seu jogo de abertura.
É uma grande lição ao sr. Zagallo. Espera-se que agora o sr. Zagallo possa expressar-se com menos estrelismo e se lembrar dessa derrota.
A Folha pode igualmente retirar do episódio um motivo para moderação em suas próximas reportagens sobre o futebol brasileiro.
Destaque deve ser dado a todos os atletas que representam nosso país, não somente a um time que se sentiu favorito e caiu do salto alto."
Renato Monteiro de Castro Scher (São Paulo, SP)
*
"Concordo plenamente com a declaração do Zagallo à Folha, ao reclamar a respeito do canal NBC. Na abertura da Olimpíada, não consegui acreditar na falta de respeito dos EUA para com o Brasil.
Justamente na hora em que o Brasil estava entrando na área de apresentação eles começaram a mostrar outros países."
Gustavo Ramalho Lui (Honolulu, Havaí, EUA)

Excesso de anúncios
"A edição de 28/6 ocupou 20,5 páginas em anúncios especiais, muitos de páginas inteiras, chegando alguns a quatro páginas, um recorde extraordinário. Enfim, naquele dia a Folha priorizou a publicidade e o anunciante.
Está certo que a publicidade faz parte do custeio da imprensa, mas o leitor, afinal, é seu destinatário e paga alto preço pela aquisição do jornal.
A publicidade, no caso, é agressiva e atinge o leitor, enquanto consumidor. Seria admissível nos jornais de bairro ou destinados unicamente a promover os produtos dos anunciantes, distribuídos gratuitamente.
Mas em se tratando de jornal comprado nas bancas ou por meio de assinatura, voltado para leitores que não se dispõem a ser levados a erro mediante publicidade agressiva, o procedimento adotado está a merecer reparos."
José Carlos Arouca (São Paulo, SP)

Hobby hediondo
"Imagino que todos os leitores com algum resquício de sensibilidade ficaram, como nós, enojados ao tomar conhecimento, por meio da coluna de 21/7 do Carlos Heitor Cony, do novo e hediondo hobby da 'tribo teen' do Arpoador: cegar gatos de rua."
Cleonice F. de Oliveira e Armando Farhate (São Paulo, SP)

Kit completo
"Sobre a reportagem 'Mulher omite filho para prender namorado' (14/7): gostaria de deixar registrada minha indignação e tristeza para com algumas mulheres que escondem seus filhos de 'supostos' namorados.
Isso revela tamanha insegurança, tanto da parte feminina quanto masculina, que é o caso de escrever mesmo para um 'Painel do Leitor'.
Eu vejo homens mais velhos com garotinhas, vejo homens com quatro filhos com mulheres solteiras, vejo maridos traindo ótimas esposas.
Só não vejo a coragem das mulheres de exibirem as fotos dos filhos para seus pretendentes.
Eu mostro meus dois filhos e nunca tive problemas com isso. Depois que me separei eu escolho quem fica com o 'kit completo' (e ele nunca foi problema. Muito pelo contrário!)."
Edna Queiroz (São Paulo, SP)

Crítica abalizada
"Meu nome é Paula, tenho 11 anos e sempre leio a Folha, especialmente a Ilustrada.
Quando vou ao cinema, olho as opiniões sobre filmes. Um dia, quando fui consultar sobre o filme 'Natal na Rua 23', ele estava classificado como 'regular'. Eu assisti e achei um 'bom filme'.
Na semana passada procurei opinião no jornal sobre o filme 'O Pentelho'. Ele foi classificado como 'ruim'. Porém minhas amigas, meu irmão, meus primos e eu o achamos um 'bom filme'.
Fiquei pensando sobre isso: as crianças gostando dos filmes e o jornal dizendo que não são bons? Acho que isso acontece porque o crítico é um adulto e nem todos os adultos gostam de filmes para crianças!
Então cheguei à conclusão de que a Folha deveria contratar uma criança, como eu, para avaliar os filmes que são dirigidos a nós."
Paula Ruocco (São Paulo, SP)

Terceira idade
"Sobre o artigo 'A universidade e a terceira idade', de Paulo Renato Souza (2/7): eu me coloco como exemplo vivo de felicidade e auto-estima em cursos feitos na USP para a faixa de terceira idade.
Deixei de sentir dores nos joelhos, amei colegas, professores e as árvores da Cidade Universitária."
Nair Lagrasta (São Paulo, SP)

Imóvel financiado
"A Folha publicou informações de que a CEF pretende adotar medidas para resolver problemas com mutuários que alugaram ou venderam seus imóveis: 'mutuários que não ocupam o imóvel financiado poderão perdê-lo ou terão que quitar o saldo devedor de uma única vez'.
Em nome das centenas de mutuários, solicito que seja adotada outra postura, como por exemplo intimar os que alugaram seu imóvel a retornar em três meses; indenizar cada um pelo que já foi pago e não simplesmente 'tomá-lo', o que é inconstitucional.
Ainda, quitar o imóvel de outra maneira, e não em uma única vez. A crise econômica é séria no país e quem tem dinheiro para pagar altos valores, mesmo com descontos?"
Renato R. de Siqueira (Tambaú, SP)

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