São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 1996
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Roscas e conexões eram incompatíveis

DA REPORTAGEM LOCAL

Além da utilização de material inadequado na vedação das juntas da tubulação de gás de cozinha do Osasco Plaza Shopping, o IC (Instituto de Criminalística) concluiu que as roscas e conexões usadas na rede não eram compatíveis entre si.
O laudo técnico do IC, que será divulgado hoje à tarde na Secretaria da Segurança Pública, aponta que não havia encaixe perfeito da tubulação porque o passo das roscas (termo técnico para a distância entre um filete e outro) era em polegadas, enquanto que o das conexões era em milímetros.
Com a utilização de sistemas métricos diferentes, segundo técnicos do IC, surgiram folgas por onde houve o vazamento do gás que provocou a explosão no dia 11 de junho. O acidente deixou 42 pessoas mortas e outras 467 feridas.
O laudo vai apontar também falhas no projeto e execução da rede de tubulação.
Dentre essas falhas, está o fato de a tubulação ter sido confinada em um vão sem ventilação entre o piso do shopping e o solo, o que, segundo o IC, dificultava o acesso para realização de reparos.
Segundo o laudo, isso também contraria as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Sete empresas, e não oito como foi anunciado ontem por Ronaldo Egydio dos Santos, diretor do IC de Osasco, serão citadas no laudo por terem algum tipo de ligação com a rede de gás do shopping.
O depoimento dos representantes dessas empresas começam a ser colhidos a partir de sexta-feira, segundo o delegado Flávio Augusto de Souza Nogueira, responsável pelo inquérito sobre o caso na Delegacia Seccional de Osasco.
Duas empresas (Wysling Gomes e Tetraeng) são apontadas como as responsáveis pela construção da tubulação de gás.
Cid Vieira de Souza, advogado da Wysling Gomes, afirmou ontem que só irá se pronunciar após a divulgação oficial do laudo.
Ele afirmou, no entanto, que a empresa seguiu as normas técnicas. Nenhum diretor da Tetraeng foi encontrado ontem.

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