São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 1996
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Nova geração evita projetos na área social

Concurso reúne jovens arquitetos

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A nova geração de arquitetos não está muito preocupada em desenvolver projetos para áreas sociais. Na produção dos recém-formados ou formandos, casas populares, escolas e hospitais não são alvo de interesse.
Isso fica claro quando se analisam os resultados do Concurso Fademac-Abea (Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura) para novos arquitetos, no qual participaram -apresentando trabalhos- 231 formandos de 46 universidades brasileiras.
Entre os trabalhos apresentados, foram selecionados 25 -20 menções honrosas e cinco premiados. Os projetos selecionados serão agora publicados em CD-ROM e distribuídos para todas as bibliotecas das faculdades de arquitetura do país.
Segundo o arquiteto Jarbas Karman, que fez parte da banca que selecionou os trabalhos dessa geração emergente, houve uma repetição do tema urbanismo e poucos trabalhos voltados para a área social.
"Queremos agora questionar os motivos que levam os jovens arquitetos a esquecer os equipamentos sociais", disse Karman.
Ele conta que o júri se "esforçou" para não selecionar as "fantasias, sem pé no chão", que foram apresentadas.
Na opinião de Karman, os novos arquitetos nem são tão culpados assim por fixar seus estudos na reinterpretação do espaço urbano: "A culpa é dos orientadores".
Uma das exceções foi a pernambucana, recém-formada, Tereza Cristina Wahtley Dias, que recebeu prêmio por ter desenvolvido um projeto de centro de convívio comunitário em Água Preta (PE), estava eufórica com o prêmio e, mais ainda, com a possibilidade de ver executado seu trabalho.
"Política é uma coisa que a gente nunca sabe no que vai dar, mas a Prefeitura de Água Preta fez um convênio para construir o centro", disse, esperançosa, a arquiteta.
O centro de convívio servirá para que a população de Água Preta aprenda a plantar verduras, a fazer doces e a se aperfeiçoar em marcenaria, por exemplo. Os materiais utilizados na construção do centro (madeira, tijolos e telhas) são encontrados na região.
O projeto de Tereza Cristina se enquadrou dentro dos princípios de escolha da banca julgadora: relevância e abordagem do tema, resultado da proposta, validade técnica e econômica, adequação social e, finalmente, apresentação e clareza de informação do projeto.
Outra exceção premiada pelo concurso foi o trabalho de Cinira Arruda D'Alva. Ela propôs para o semi-árido nordestino uma espécie de mercado público onde a população local poderá vender seus produtos. As barracas são construídas com materiais da região.
Embaixo do mercado existem, no projeto de Cinira, dutos para armazenar água de chuva -a falta de água é um dos principais problemas da região.
Também foram premiados no concurso: Silvana Maria Moretti (revitalização do núcleo histórico de Bela Aliança, Santa Catarina), Cristiane Aiax Cosentino (reciclagem de edifício industrial para habitação) e Paulo Roberto do Nascimento (terminal de integração, Santa Catarina).

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