São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 1996
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Harém da comida

DANIEL BISPO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Atlanta parece uma cidade do futuro, uma viagem num filme de ficção científica.
Estou impressionado com a limpeza e a organização. Nada parecido com o Brasil. Mas ainda chegaremos lá.
Desde meus primeiros dias como atleta que estréia em uma Olimpíada, senti que poderia surpreender as pessoas.
Fizemos, eu e meus companheiros, um trabalho de preparação física muito forte. Tivemos condições e apoio para treinarmos no exterior.
Aprendemos muito com os cubanos, que fizeram com que acreditássemos em nosso potencial esportivo e também em nosso boxe.
Se não fosse isso, eu estaria com o pé atrás. O mais importante é que estou me sentindo seguro.
Como disse antes, a passagem por Cuba, onde ficamos 40 dias, me deu uma outra visão.
Passei a acreditar mais em mim, pois vi coisas em Cuba que, infelizmente, ainda não existem no Brasil.
Os cubanos estão à frente no boxe. Lá vive a nata do boxe e só o fato de ter visto uma luta do Félix Savón, pentacampeão mundial amador e atual campeão olímpico peso-pesado, me deixou feliz.
Como estou feliz por poder ficar todos esses dias em Atlanta. A chegada foi como se eu tivesse vivendo a minha primeira vez. É um sonho.
Na Vila Olímpica tem de tudo o que se possa imaginar. Mulheres lindas, tudo muito certinho, uma maravilha.
É uma "viagem" poder estar com atletas de todo o mundo, uma experiência realmente inacreditável.
Pode parecer bobagem, mas até o alojamento é legal. Tirei muitas fotos, já gastei dois filmes. E conheci outros atletas brasileiros que sempre tive vontade de ver, como o pessoal do iatismo, do remo e do vôlei de praia.
Só o que tenho a reclamar é de não poder entrar no restaurante principal da Vila.
O local, um verdadeiro "harém" de comida, foi vetado pelos treinadores Ulisses Pereira e Francisco Garcia.
Principalmente após minhas primeiras lutas. Não posso sair do peso. Quando acabar a Olimpíada, aí, vai ser "só alegria"...
Todos perguntam pelas minhas chances olímpicas. Elas existem e aumentaram muito após as vitórias.
Treinei duro um ano e três meses. Mas acho que os cubanos ainda são favoritos. Hoje, a adrenalina continua.

LEIA MAIS sobre a luta de Daniel Bispo na pág. 4-10

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