São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 1996
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Meligênio

THALES DE MENEZES

Com ou sem medalha, Fernando Meligeni é um dos heróis do Brasil na Olimpíada.
Se antes quase todo mundo duvidava de suas chances, agora tem gente criando até o novo apelido, "Meligênio".
Sem exageros, o rapaz não é um gênio. Trata-se de um tenista que consegue seu melhor momento na carreira no exato momento em que recebe a maior atenção da mídia.
Tivesse alcançado essa ótima fase em algum torneio na Hungria ou em Porto Rico, poucos teriam visto sua glória.
Com os holofotes do esporte em cima dele, Meligeni mostrou o melhor da garra argentina que sua naturalização não estragou. Seu caminho em Atlanta foi aberto no peito e na raça.
Venceu o italiano Stefano Pescosolido, um tenista com praticamente o mesmo nível de jogo que o brasileiro.
Depois veio a maiúscula vitória sobre o espanhol Alberto Costa, jogador experiente e número 15 do ranking mundial. O mais surpreendente foi o heróico triunfo diante do jovem australiano Mark Philippoussis e seu saque-canhão.
Meligeni buscou bolas impossíveis, lembrando muitas vezes uma versão de olhos redondos do perseverante Michael Chang.
Ontem, Meligeni precisou novamente jogar com o coração. Esbanjou garra numa partida nervosa, repleta de erros dos dois lados da rede.
Essa determinação não pode deixar Meligeni na semifinal contra Sergei Bruguera, o jogo mais importante de sua vida. Bruguera é favorito, mas Costa e Philippoussis também entraram na quadra nessa condição.
E essa Olimpíada já mostrou que não gosta de ter um compromisso muito sério com o favoritismo antecipado.
A presença do indiano Leander Paes na semifinal ganha fácil das vitórias de Meligeni no quesito "zebra".
Agassi x Paes e Bruguera x Meligeni. Que as surpresas não parem por aí.

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