São Paulo, sábado, 3 de agosto de 1996
Próximo Texto | Índice

CRESCIMENTO MODERADO

A estimativa do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) de que a economia do país crescerá 2,8% este ano frustra a meta oficial de 4% de aumento do PIB e corrobora as previsões de setores empresariais de que o aumento da atividade no segundo semestre será modesto.
Segundo o instituto, ligado ao Ministério do Planejamento, o crescimento anualizado do primeiro semestre foi de 0,4% e se espera que a taxa seja bastante maior, de 5,3%, nos últimos seis meses do ano. Mas isso se deve fundamentalmente a um fenômeno estatístico. O nível de atividade deste primeiro semestre é comparado com o período de pico dos primeiros meses de 95. Mas o crescimento neste segundo semestre resulta da comparação com uma economia já bastante desaquecida no mesmo período do ano passado.
Do ponto de vista social, esse desempenho moderado da economia não contribui, evidentemente, para contrabalançar os efeitos do avanço tecnológico e da reestruturação empresarial sobre a oferta de vagas de trabalho. Depois das elevadas taxas de desemprego verificadas pela Seade-Dieese na região metropolitana de São Paulo, a Pesquisa de Emprego e Desemprego no Distrito Federal chegou à surpreendente constatação de que 18,1% da população economicamente ativa de Brasília está sem trabalho.
Trata-se de um cenário que não favorece os candidatos do governo às eleições municipais e que, se mantido em 97, poderá dificultar a aprovação de emenda que permitiria a reeleição do presidente. É preciso lembrar, afinal, que nas bases da enorme popularidade conferida pelo Plano Real ao então candidato Fernando Henrique Cardoso estavam não apenas a queda da inflação, como também o forte impulso de crescimento adquirido pela economia na fase inicial da estabilização.
Além dos aspectos propriamente econômicos, o crescimento tende a envolver, cada vez mais, desafios eminentemente políticos.

Próximo Texto: FAREWELL WELFARE
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.