São Paulo, sábado, 3 de agosto de 1996
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Assiduidade; Posição; Mágica; Polícia para quem precisa; Vergonha; Reunião com médicos; Indignação; Juízes classistas

Assiduidade
"Em relação à reportagem 'Os deputados sem falta' (29/7), informo que durante o primeiro semestre de 1996 tive frequência integral às sessões deliberativas da Câmara dos Deputados, com exceção daquelas realizadas entre os dias 3 e 10 de janeiro, em virtude de estar representando a Casa em missão oficial à República de Cuba, a convite do Parlamento daquele país.
Informo ainda que, de acordo com o art. 226, IV, do regimento interno da Câmara dos Deputados, a participação do deputado em missão especial é considerada presença."
Marcelo Déda, deputado federal pelo PT-SE (Brasília, DF)

Resposta dos jornalistas Lucio Vaz e Ricardo Amorim - A lista dos deputados mais assíduos traz apenas os nomes dos parlamentares que estiveram presentes às 47 sessões deliberativas da Câmara de 8 de janeiro a 30 de junho. Foram excluídos todos os que não estiveram em plenário em alguma delas, independentemente do motivo da ausência ser justificado ou não.

Posição
"Surpresos com uma reportagem publicada em 1º/8 que, sem termos sido ouvidos, nos atribui erradamente uma posição sobre os zapatistas, temos a esclarecer que:
- defendemos o direito dos camponeses mexicanos, incluindo os zapatistas, de se revoltarem contra o Tratado de Livre Comércio e a opressão do regime fraudulento do PRI, como qualquer oprimido em qualquer parte do mundo;
- não estamos por isso obrigados a concordar com sua decisão de, em nome de uma autonomia indígena, legitimar e participar da 'reforma do Estado' por meio do consenso com o PRI (relatório oficial da segunda rodada de negociações, outubro de 1995).
Não tem qualquer fundamento a afirmação de que condenamos quem quer que seja 'por não se pautar em um modelo clássico de socialismo'.
Como socialistas, somos partidários da iniciativa dos trabalhadores e da soberania democrática dos povos, que nunca seguiram 'modelos' ditados por ninguém."
Markus Sokol, membro do Diretório Nacional do PT, pela corrente O Trabalho (São Paulo, SP)

Mágica
"O senador-marajá Darcy Ribeiro não entra para o 'Guinness' porque não quer: é o único mortal que foi ministro da Educação, reitor e professor universitário só possuindo diploma de ginásio.
É melhor que o mágico Copperfield, que só esteve em dois lugares ao mesmo tempo: ele esteve em três, na Funai, na UnB e na UFRJ, pelas quais se aposentou.
Lendo sua maluquice de 29/7, concluí que o Darcy ambiciona mais: fazer o leitor da Folha rir mais de sua coluna que do José Simão.
Pois ele afirmou que está construindo um 'beijódromo' em Brasília e, ao mesmo tempo, a Universidade Aberta do Brasil, com computadores, tempo real, prédios, multimídia, cursos fundamentais e universitários, astronomia, saúde, pós-graduação, sindicalismo, corporativismo, artes, Picasso e o que mais houver por aí.
A Open University inglesa, depois de anunciada em 8/9/63 por Harold Wilson, antes de assumir o governo da Grã-Bretanha, levou cinco anos para funcionar, em Milton Keynes, com uma montanha de dinheiro e de pessoal qualificado à disposição e a associação com a BBC de Londres.
Pois o Darcy vai fazer isso de graça, sozinho, até o fim do ano. Genial! Vai ser um barato!"
José Carlos de Almeida Azevedo, ex-reitor da Universidade de Brasília (Brasília, DF)

Polícia para quem precisa
"O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo decidiu pela inconstitucionalidade do convênio necessário para que agentes civis da CET autuassem algumas das infrações de trânsito enquanto o Congresso não aprova o novo Código Brasileiro de Trânsito.
A autuação de uma infração de estacionamento em local proibido ou por tempo superior ao permitido em zona azul não tem nada que justifique a ação exclusiva da polícia.
Nesses casos não está sendo cometido nenhum crime e muito menos existe ameaça à segurança pública.
Até que ponto a sociedade precisa de policiais militares desempenhando funções de fiscalização administrativa?
Será que a sociedade precisa de soldados para tudo?
É fundamental informar que sou empregado 'celetista' da CET há 15 anos. Se minhas opiniões produzirem efeitos, logicamente poderei ter benefícios indiretos, mas esse não é meu objetivo."
Jaques Mendel Rechter (São Paulo, SP)

Vergonha
"Nasci na Argentina e moro no Brasil, país do qual pedi a naturalização há 20 anos. A notícia da manchete de um jornal do meu país de origem chamando os brasileiros de 'macacos' me causou indignação.
Hoje, diante de uma demonstração tão absurda de racismo, pela primeira vez na minha vida senti uma profunda vergonha de ser argentina."
Carolina Tarrío (São Paulo, SP)

Reunião com médicos
"Ao provocar uma reunião privada com o presidente para sugerir propostas alternativas ao Sistema Único de Saúde, os médicos dão evidente prova de corporativismo, fisiologismo e antidemocracia.
Se eles querem mudanças (!), que procurem participar pelos canais legítimos que a própria lei do SUS disponibiliza: os Conselhos de Saúde (nacional, estaduais e municipais) e as Conferências de Saúde (nacional, estaduais e municipais).
Qualquer outro atalho é advogar em causa própria.
O SUS não precisa de alternativas. Precisa que se cumpra o que a lei já dispõe e que, nesse processo, os profissionais da área, especialmente os médicos, se coloquem como aliados."
Paulo Perna (Curitiba, PR)

Indignação
"Somos primas do jogador Bebeto e gostaríamos que nossa indignação contra o sr. Milton Neves, comentarista esportivo da rádio Jovem Pan, fosse registrada.
Quem teve a oportunidade de ouvir o programa 'Terceiro Tempo' de 31/7 pôde ser testemunha da falta de respeito desse senhor para com seu público e para com o jogador Bebeto."
Thais Oncken e Luciana Oncken (São Paulo, SP)

Juízes classistas
"O emérito magistrado Pedro Carlos Garcia permitiu novamente que transparecesse todo seu questionável inconformismo com a democratização do Judiciário ('Painel do Leitor', 24/7).
O único e enganado interesse do juiz ao tentar abalar a estrutura da Justiça do Trabalho relaciona-se à absurda idéia de ver criadas novas vagas destinadas aos juízes de carreira.
Afinal, como é de notório conhecimento, o emérito juiz Pedro Garcia jamais foi sequer indicado para compor lista de promoção na magistratura."
Jeronimo Augusto Gomes Alves, juiz classista do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região e presidente da Associação dos Juízes Classistas da Justiça do Trabalho da 2ª Região (São Paulo, SP)

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