São Paulo, segunda-feira, 5 de agosto de 1996
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Reeleição vira batalha de números

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Começou em Brasília uma guerra de previsões sobre como será a votação da emenda na Câmara que permite a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Para o governo, o número potencial de deputados a favor já seria de 317. Para aprovar a emenda, são necessários 308.
Já para o principal adversário da reeleição, Paulo Maluf (PPB), prefeito de São Paulo, chega, no máximo, a 258 o número de deputados a favor da idéia de reeleição.
Os números são projeções que cada um faz para a possível votação da emenda, durante os dois últimos meses deste ano.
Governistas e Maluf admitem que as eleições municipais poderão modificar o quadro.
Contas do governo
A conta dos governistas parte de uma premissa básica: apesar da eleição, muita coisa tende a ficar mais ou menos como está hoje.
Eles acreditam que os partidos que apóiam FHC devem continuar com essa posição. Assim, PSDB, PFL e PTB dariam apoio quase maciço à reeleição. Junto com o PMDB e outros partidos menores, isso resultaria em 265 votos.
Para completar os 317, FHC conseguiria atrair deputados do PPB e de outros partidos menores.
Esse cálculo embutiria, inclusive, o cenário em que candidatos governistas não obtêm sucesso absoluto nas eleições de outubro.
Os governistas acreditam que o PPB, de Maluf, está definitivamente rachado em torno da questão.
Números de Maluf
Para Maluf, que pretende ser candidato à presidência em 1998, é "delírio" do governo apresentar esses números sobre deputados a favor da emenda da reeleição.
"É impossível aprovar a reeleição sem a total corrupção do Congresso, o que o governo vem fazendo com a condescendência da imprensa. Mas eu acho que isso não acontece porque a maioria dos parlamentares é gente honesta", diz o prefeito paulistano.
Maluf rejeita a hipótese de racha no PPB. "Se eu não levar 70% dos deputados, eu não mereço ser presidente de honra do partido."
Nas suas contas, "a esquerda tem cerca de cem votos". O prefeito até abre uma exceção para a hipótese de derrota de seu candidato, Celso Pitta, e imagina o que aconteceria se Luiza Erundina (PT) fosse eleita. "Se ela ganhar -o que não vai acontecer-, serão 130 votos e não mais 100 que a esquerda conseguirá."

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