São Paulo, segunda-feira, 5 de agosto de 1996
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São Paulo perde mais fábricas têxteis

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

São Paulo está perdendo o que resta das mais importantes indústrias têxteis do país.
A Vicunha acaba de anunciar a transferência -e, portanto, a desativação- de duas de suas linhas de São Paulo para o interior paulista e áreas incentivadas, como Goiás, onde já tem fábricas.
O êxodo das tecelagens da capital paulista é uma tendência. A busca por menores custos de produção já tiraram de São Paulo unidades das empresas Kanebo, Toiobo, Meias Scalina (Trifil), Nossa Senhora da Conceição (Lolipop), Alpargatas Santista e, agora, da Vicunha.
Além das regiões Nordeste e de Goiás, as indústrias estão atraídas pelo norte do Paraná e norte de Minas, diz Marcelo Prado, sócio-diretor do IEMI, consultoria especializada no setor têxtil.
Além de essas regiões cobrarem menos ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), doaram terrenos e não cobraram instalação de redes de água, esgoto e energia elétrica.
Produtividade
"É tendência sairmos dos grandes centros, uma vez que as fábricas localizadas nessas regiões já estão velhas e obsoletas", diz Herbert Schmid, gerente-geral da Alpargatas Santista.
Além disso, continua ele, o interior sempre oferece condições mais adequadas para atender aspectos ecológicos.
A Alpargatas Santista fechou três fábricas em São Paulo nos últimos anos. Em 1994, tinha 7.250 funcionários. Hoje, emprega 5.250 pessoas entre as fábricas de Americana (SP), Tatuí (SP), Aracaju (SE), Socorro (SE) e Paulista (PE).
Schmid diz que as demissões em massa acabaram, mas a empresa vai continuar buscando produtividade, "que sempre reduz um pouco o quadro".
"Mas vamos compensar isso com mais produção." Neste ano, a empresa vai aumentar de 3% a 5% o volume fabricado e mais 5% o ano que vem.
Para isso, está investindo no país US$ 25 milhões neste ano e outros US$ 15 milhões nas unidades da Argentina. Para 1997, reserva outros US$ 30 milhões ou US$ 40 milhões.
A estratégia da empresa com esses investimentos é também reduzir custos e melhorar a qualidade dos produtos para ser mais competitiva no país e no exterior.
A Alpargatas Santista exporta hoje cerca de US$ 100 milhões por ano. Seu faturamento anual (líquido) é de cerca de US$ 400 milhões.
Schmid diz que apóia a imposição de cotas e o estabelecimento de alíquotas de importação para proteger certas atividades industriais: "Todos os países industrializados trabalham assim e são abertos".
No Brasil, a alíquota para importação de índigos e brins é de 18%.

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