São Paulo, segunda-feira, 5 de agosto de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Fotógrafo troca miséria pela beleza da selva
ANDRÉ MUGGIATI
Principe vive há sete anos em Manaus. Ele chegou à região em 1989, para registrar imagens para uma reportagem sobre o boto amazônico, para a agência fotográfica européia Sipa Press. Impressionado com a riqueza e as potencialidades da Amazônia, o fotógrafo decidiu ficar na região. "Percebi que havia poucas imagens da Amazônia. Os fotógrafos que vinham para cá registravam sempre as mesmas coisas." Principe fixou residência em Manaus e montou sua própria agência, a Amazon Multimedia Stock. Durante os últimos sete anos, ele montou um dos maiores arquivos fotográficos sobre a região, com mais de 30 mil cromos. Desses, Principe selecionou 268 para compor o livro. As fotos vêm acompanhadas de texto de Francisco Ritta Bernardino, dono do hotel Ariaú Jungle Towers. "Decidi não trabalhar com o lado negativo das questões da Amazônia, como queimadas e destruição. Muitos fazem isso. Centrei meu enfoque no que há de bonito, tentando despertar a sensibilidade das pessoas para preservar isso." Organização O livro foi organizado em cinco capítulos, por temas. O primeiro é uma breve introdução, onde destaca-se a foto de uma raiz espelhada na superfície de um igapó. Seguem-se capítulos sobre os temas "Paisagens", "Flora e Fauna" e "Índios e Caboclos". Encerra o livro um prólogo com propostas para o futuro da região, levantadas por cientistas. O texto alterna uma descrição da Amazônia com citações de relatos de autoridades, cientistas e ambientalistas, como por exemplo o seringueiro Chico Mendes e o pesquisador Philip Fearnside. "Procurei transmitir algo para as pessoas que não conhecem a Amazônia", diz Bernardino. Algumas fotografias exigiram de Principe a paciência de vários dias de espera. Outras, muito filme. É o caso da foto do boto-vermelho, registrada na página 64 do livro. "Para fazer essa foto gastei mais de 30 rolos de filme. É preciso antecipar o boto, saber onde ele vai aparecer na superfície do rio e disparar no momento exato", diz. Entre as dificuldades, o fotógrafo realça as oscilações da economia brasileira. "É difícil trabalhar com isso, mas estou resistindo." Outra dificuldade é o transporte na região. "Parece que o tempo se dilata. Uma viagem prevista para durar um dia pode demorar dois ou três. Às vezes acontece de você ir de avião a um lugar e não encontrar gasolina para voltar." Como compensação, ele destaca a solidariedade dos ribeirinhos, que frequentemente oferecem uma carona de canoa ou barco, em situações adversas. Texto Anterior: Cidade esbanja áreas verdes Próximo Texto: Segurança é precária em porto brasileiro Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |