São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996
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Seca diminui a safra de trigo no Paraná

JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A estiagem que atinge o norte do Paraná há pelo menos dois meses deve encolher a produção de trigo no Estado, cuja colheita começou na semana passada.
A Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná) calcula uma quebra de 6% na safra em relação à previsão inicial, que indicava colheita de 2 milhões de t.
Mesmo assim o novo número, 1,88 milhão de t, representa incremento significativo (79%) sobre a colheita do ano passado.
Segundo o agrônomo Flávio Turra, da Ocepar, a quebra pode se acentuar caso a seca persista.
Nas regiões oeste e centro-sul do Estado, que colhem mais tarde, o clima é bom, favorecendo o desenvolvimento das lavouras.
Por enquanto, as maiores perdas se concentram no chamado norte pioneiro, na região em torno de Cornélio Procópio.
Lá a seca começou em meados de abril, derrubando a produtividade média em 60%, de 37 sacas/ha para 15 sacas/ha, de acordo com a Coprocafé (Cooperativa dos Cafeicultores de Cornélio Procópio).
A seca frustrou os produtores, que semearam 60 mil ha nesta safra, 50% a mais que na passada.
A expectativa deles era aproveitar a alta expressiva dos preços na região, que subiram de R$ 9 para R$ 15/saca em um ano.
Apesar do aumento na área plantada, a produção é estimada agora em 900 mil sacas (54 mil t), 40% a menos que a da safra passada.
Tomando como base as cotações em Cornélio Procópio, a receita dos produtores ficará próxima aos R$ 13,5 milhões obtidos em 95.
"Voltamos a investir no trigo devido aos bons preços, usando mais insumos", diz Hélio Maruchi, agrônomo da Coprocafé.
Segundo Maruchi, os produtores já estão preocupados com o plantio da safra de trigo em 97.
A quebra da produção na região de Cornélio Procópio reduzirá a oferta de sementes do grão para a o cultivo do próximo ano.
"Esperamos que o governo libere rapidamente os recursos para o custeio da safra de verão", diz Hélio Maruchi.
Embora a quebra tenha sido causada por fenômeno climático, muitos produtores não poderão receber o Proagro (seguro rural).
Maruchi diz que a maioria dos agricultores da região não plantou conforme as épocas ideais indicadas pelo zoneamento agrícola, condição para o banco incluir o Proagro no financiamento.
"O zoneamento não seguiu as recomendações do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná)", afirma.
Benedito Rosa, da Secretaria de Política Agrícola, do Ministério da Agricultura, afirma que a região de Cornélio Procópio é muito suscetível a estiagens.
"A região precisa reorientar sua vocação agrícola, adotando, talvez, o plantio de trigo irrigado e culturas resistentes à seca", diz.
Segundo Rosa, os agricultores erraram ao não seguir o zoneamento.

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