São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996
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Físico autoriza MST a ocupar suas terras

DA REPORTAGEM LOCAL

Advogados do físico Rogério Cézar de Cerqueira Leite entregaram ontem ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) documento permitindo a ocupação "legal" das terras de seu cliente no Pontal do Paranapanema (SP).
Durante reunião com representantes do físico e do Incra, o líder do MST José Rainha Júnior afirmou que pretende esperar "só mais um pouco" antes de iniciar as ocupações.
"O proprietário nos deu o direito de entrar. Se o Estado não tomar uma decisão este mês, não tem outra solução", disse Rainha.
Segundo os sem-terra, 3.000 famílias já estão acampadas na região das fazendas.
Cerqueira Leite, membro do Conselho Editorial da Folha e professor emérito da Universidade Estadual de Campinas, ofereceu na semana passada 40 mil alqueires de terra para desapropriação por 30% de seu valor real.
A Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania considera essas áreas propriedade do Estado.
Segundo Rainha, "falta vontade política e coerência" para resolver a questão. O líder do MST disse que 5.000 famílias poderiam se estabelecer nesses terrenos, o que, de acordo com ele, seria o maior assentamento já realizado no país.
Incra
O superintendente do Incra em São Paulo, Miguel Moyses Abeche Neto, transferiu para o governo estadual a decisão sobre a propriedade das terras. "O Incra não é o agente legal que discute isso. A solução é jurídica."
Acompanhado de um procurador do Incra, Abeche examinou os registros do cartório de imóveis de Assis que atestam a propriedade de Cerqueira Leite sobre as terras.
"Partindo do princípio de que as certidões são válidas, acreditamos na palavra do técnico que as fez."
Um novo encontro entre o secretário da Justiça, o MST, representantes dos ocupantes das terras e o Incra será marcado.
Invasões
José Rainha disse que "comunga" das declarações de João Pedro Stédile, coordenador do MST, sobre a invasão de terras produtivas de devedores do Banco do Brasil.
"O poder é lento e nós temos pressa. São 35 mil famílias esperando por terras. Ocupação não é reforma agrária, mas é um instrumento de pressão", declarou.
Para o líder dos sem-terra, cabe ao governo federal explicar quais são as terras em situação irregular.

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