São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996
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Para Jatene, 'guerra' da saúde continua

GILBERTO DIMENSTEIN
EM BRASÍLIA

Apesar da aprovação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) para financiar a saúde, o ministro Adib Jatene disse ontem que ainda está inconformado com o orçamento preparado pela área econômica. E avisou: "A guerra continua".
O ministro da Saúde negou qualquer intenção de deixar o governo e ironizou: "Se a fofoca fosse boa para a saúde, o Brasil seria o país mais saudável do mundo".
Ontem mesmo, Jatene encontrou-se com o presidente Fernando Henrique Cardoso para pedir mais dinheiro.
A "guerra", segundo ele, gira em torno de R$ 5 bilhões -aproximadamente o valor da arrecadação da contribuição aprovada no mês passado pelo Congresso, já sancionada por FHC e à espera de regulamentação.
Na prática, é como se todo o esforço para aprovar a CPMF, que dividiu o governo e os partidos aliados, numa maratona de meses de debates, não servisse para nada.
Milagre
Segundo Jatene, a área econômica prevê que, para 97, o ministério vai ter o mesmo orçamento deste ano, sem reajuste, o que daria cerca de R$ 14 bilhões. "Definitivamente não é suficiente. Não sei fazer milagre", afirmou o ministro da Saúde.
Todos os gastos previstos nos planos do Ministério da Saúde já previam um orçamento de R$ 25 bilhões.
O ministro afirmou estar "confiante" de que vai acabar convencendo os ministérios da Fazenda e do Planejamento da necessidade de mais verba. "Fui criado no serviço público, sei como esse processo funciona", disse, voltando a negar que vá deixar o ministério.
Nessa conversa telefônica, afirmou o ministro, eles falaram sobre rumores de que teria criticado o governo, quando comentou o ritmo da aprovação de medidas ligadas ao sistema financeiro.
"Não critiquei o governo, apenas constatei que, por envolver grupos articulados, eles conseguem apressar suas demandas, o que é mais do que óbvio."
O ministro criticou a rapidez da liberação das tarifas bancárias.
"Se eu não tivesse um bom sistema nervoso, já tinha enlouquecido. Raros homens públicos passaram pelo massacre que passei", disse, atribuindo a pressão, em boa parte, ao sistema financeiro aliado com setores empresariais.
Para ele, o novo imposto representa uma ameaça não pelo valor que arrecada -um "valor ridículo"-, mas porque desvendaria uma rede de sonegação.

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