São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996
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Tecnologia ainda é coisa de elite

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

É absolutamente falsa a idéia de que a maioria dos habitantes desse país vive on line.
Menos de um terço da população americana tem computador em casa. Esse clube tecnológico ainda é frequentado basicamente pela elite.
Segundo os analistas, a menos que os preços caiam drasticamente, o número de residências equipadas com computador não deverá passar dos 40%.
Atualmente, dois terços do total de famílias que adquirem computador têm uma renda anual acima de US$ 40 mil -o último censo mostrou que apenas uma em cada três famílias americanas possui essa renda.
Não que o desempenho desse novo meio tenha sido fraco.
Ao contrário: em menos de dez anos, desde que chegaram ao mercado de massa, os PCs se multiplicaram nos EUA.
O problema é que a faixa da população que tem poder aquisitivo para consumir já consumiu, e o restante vai pensar dez vezes antes de gastar US$ 2.000 em um equipamento básico.
Atualmente, os computadores são vendidos como se fossem aparelhos eletrodomésticos, acompanhados apenas da garantia e do manual de funcionamento. Para muita gente, no entanto, a tecnologia dessas máquinas ainda é complicada e a sua linguagem, inacessível.
Manuais confusos
Uma pesquisa publicada pela revista "PC World" revelou que 41% das pessoas entrevistadas acham os manuais de computadores "tão confusos que parecem ter sido escritos em uma língua estrangeira". Cerca de 31% delas disseram que passam mais tempo tentando entender como funcionam as máquinas do que usando de fato.
O número de pessoas se associando às redes é que está crescendo rapidamente.
Até o ano passado, quase 11% das residências americanas estavam ligadas a algum serviço on line. O maior deles, American Online, multiplicou seu movimento por dez nos últimos dois anos e possui hoje em dia mais de 5 milhões de assinantes.
Os números são impressionantes, mas, mais uma vez, parece que grande parte dos frequentadores da rede passa mais tempo desvendando os mistérios do universo virtual do que usando o serviço.
Estima-se que 60% dos membros da America Online passam menos de cinco horas por mês ligados à rede. Em média, uma casa americana mantém a televisão ligada cinco horas por dia.
O fato é que, para um meio que veio para desbancar a TV ou, pelo menos, dividir espaço com ela, a tecnologia on line ainda tem um longo caminho pela frente.
As evidências contam que a corrida para a era da informatização foi desacelerada temporariamente em função da economia e da resistência de algumas camadas da população.
Mesmo a nação que se orgulha em abraçar sem hesitação tudo o que é novidade tem os seus conservadores. Desde grupos que pretendem rejeitar democraticamente os avanços da indústria de computadores até os mais pessimistas e radicais, como o Unabomber.

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