São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996
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Britânica abortou gêmeo há um mês

IGOR GIELOW
DE LONDRES

O aborto de um dos fetos de uma grávida de gêmeos, uma das maiores polêmicas éticas do Reino Unido neste ano, acabou de forma inusitada ontem.
O hospital responsável pelo caso admitiu que o aborto já foi feito há cerca de um mês.
Quando o caso surgiu na imprensa, anteontem, os médicos falavam como se a cirurgia ainda não houvesse ocorrido.
O diretor do Queen Charlotte's Chelsea Hospital, de Londres, disse ontem que houve "confusão". "Foi uma decisão difícil, mas já ocorreu, há cerca de um mês", disse Robert Winston.
Anteontem, o cirurgião Phillip Bennett havia revelado que uma mulher de 28 anos seria submetida a um aborto inédito no país.
Não-identificada, a mulher queria abortar um de seus gêmeos, alegando não ter condições financeiras de sustentar duas crianças.
O feto tinha 16 semanas. A lei britânica permite o aborto até a 24ª semana. Em caso casos de risco de vida para a mãe ou a criança, não há prazo.
O caso virou uma polêmica nacional. As principais redes de TV veicularam mesas-redondas sobre o aborto, e uma campanha para evitá-lo foi iniciada por grupos antiaborto e religiosos.
Até ontem, já havia cerca de US$ 75 mil disponíveis para a mulher não abortar a criança.
As ofertas variavam entre ter o filho e criá-lo com ajuda financeira ou ter a criança e entregá-la para pais adotivos.
Ontem, antes de o hospital admitir que a polêmica estava sendo discorrida sobre um fato consumado, o caso parou na Justiça.
A SPUC (Sociedade para Proteção de Crianças Não-Nascidas) conseguiu liminar na Alta Corte em Londres proibindo o aborto a partir das 10h de hoje.
"O hospital deveria ter falado claramente sobre o caso e dado oportunidade para a mulher optar sobre o aborto e as opções que foram surgindo", disse Phyllis Bowman, presidente da SPUC.
No ano passado, 74 dos 150 mil abortos feitos no Reino Unido foram seletivos em um feto de grávidas de gêmeos. Mas em todos os casos os fetos eram malformados. No caso atual, ele era perfeito.

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