São Paulo, domingo, 11 de agosto de 1996
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Rede vai disputar concessões

DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor superintendente da Rede Record, Dermeval Gonçalves, avisa: vai "brigar feio" para comprar novas concessões de TV nas licitações públicas que serão abertas pelo governo.
O grupo quer concessões para instalar geradoras de TV em seis capitais: Porto Alegre (RS), Vitória (ES), Maceió (AL), Aracaju (SE), Recife (PE) e Fortaleza (CE).
Gonçalves calcula que só a concessão de TV para uma cidade como Fortaleza vale cerca de R$ 2 milhões, mas não se arrisca a calcular o custo total para instalar emissoras nas seis capitais.
O Código Brasileiro de Telecomunicações proíbe igrejas de serem acionistas de rádio e TV. A Igreja Católica, dona da maior rede de rádios do país (pelo menos 181 em 22 Estados) registra suas emissoras em nome de fundações.
A Universal, do bispo Edir Macedo, usa artifícios cada vez mais sofisticados para registrar as empresas em nome de fiéis, pastores, bispos e parlamentares ligados a ela.
A partir daí, houve uma mudança de tática. Ao invés de dar empréstimos em dinheiro, a igreja passou a participar das aquisições, comprando os imóveis das emissoras, o que é legal.
A Record também participa dos novos negócios, comprando os equipamentos. Deste modo, os bispos só precisam ter renda para justificar a compra da concessão.
Segundo Dermeval Gonçalves, a tática "à prova de devassas" para a compra de emissoras inclui um plano de ação detalhado. Um ano antes de comprar uma emissora, os bispos são preparados para apresentar renda compatível.
Eles começam se tornando sócios de pequenas empresas ligadas à Universal até formarem patrimônio suficiente para passar pelo crivo da Receita Federal.
A Universal também toma cuidados para proteger seu patrimônio, no caso de algum bispo abandonar a igreja. Todos os acionistas assinam um contrato, com data em branco, transferindo suas cotas para outro bispo da igreja.

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