São Paulo, sábado, 17 de agosto de 1996
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Santos atende meninas 'em risco'

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

A Casa do Trem -uma construção do século 16 e mais antigo monumento histórico de Santos (litoral de SP)- se transformou há três anos em ponto de referência para adolescentes prostituídas e em "situação social de risco".
A casa é sede do projeto Meninas de Santos. Diariamente, 25 adolescentes procuram a sede do projeto para participar de oficinas de sexualidade, artes plásticas e beleza.
Elas recebem também atendimento psicológico e de saúde, ou simplesmente conversam com os técnicos do programa.
"Nosso objetivo principal é trabalhar a auto-estima dessas meninas", diz a coordenadora do projeto, Rosângela Mendes Vieira, 41.
Em maio, havia 240 meninas cadastradas. Dessas, 130 vêm sendo atendidas regularmente.
Segundo Rosângela, o perfil da maioria das garotas é o de adolescentes entre 15 e 17 anos, que moram com parentes em áreas pobres da cidade.
Rosângela diz que 35% das meninas atendidas se prostituem. As demais são consideradas adolescentes em situação de risco social -não têm acesso a direitos básicos, como educação, saúde e lazer.
No início do projeto, em 93, as meninas eram levadas para o programa por técnicos que saíam às ruas para abordá-las.
Atualmente, a maioria das adolescentes vem espontaneamente, trazidas por colegas. Segundo Rosângela, 23 novas garotas chegaram ao projeto em julho.
Uma das principais portas de entrada do programa é a oficina de beleza, que atrai as garotas pelo apelo à vaidade.
"É feito um trabalho de valorização", diz Rosângela. A oficina também serve para profissionalizar as adolescentes, que se formam manicures e cabeleireiras.
As prostitutas têm oportunidade de obter emprego, por intermédio do Setor de Capacitação para o Trabalho, que faz parte do projeto.
Drogas
A santista K.C.S., 17, começou a frequentar a sede do projeto Meninas de Santos há um ano, atraída pelo futebol.
Antes de engravidar, há quatro meses, ela jogava no time Meninas de Santos Futebol Clube.
K.C.S. mora no Jardim Rádio Clube, bairro da periferia da cidade, com o pai, a mãe e dois de seus quatro irmãos.
Ela diz que usou cocaína por um ano e só largou a droga depois de ser levada à Casa -"a melhor coisa que me aconteceu na vida".
K.C.S. não sabe explicar por que se envolveu com drogas. "Saía com amigos, eles faziam, eu também fazia. Não teve motivo", diz.
A adolescente conta que pretende se casar "logo" com o pai do seu filho e diz que gostaria de voltar para o projeto depois do parto.

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