São Paulo, sábado, 17 de agosto de 1996
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Bancos federais emprestam R$ 2,7 bi

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os bancos federais, com empréstimos de R$ 2,721 bilhões, se tornaram a principal fonte de recursos para os Estados e municípios deficitários.
Esses valores, contabilizados pelo Banco Central, se referem aos sete primeiros meses deste ano. No mesmo período de 95, os empréstimos federais foram de apenas R$ 216 milhões. O aumento, portanto, foi de mais de dez vezes.
Como parte das tentativas de reduzir o déficit público, a equipe do ministro da Fazenda, Pedro Malan, determinou à CEF (Caixa Econômica Federal) que socorresse Estados e municípios.
Mesmo com problemas financeiros, a CEF iniciou o programa de empréstimos a partir do final do ano passado.
Sem isso, os governos estaduais e prefeituras teriam de buscar dinheiro nos bancos privados, a juros muito mais altos -cobra-se mais de quem tem tradição de mau pagador.
Os resultados são visíveis nas estatísticas do BC: os bancos federais responderam por 46,8% dos R$ 5,817 bilhões emprestados aos Estados e municípios em 96.
Na comparação com o ano passado, os bancos federais participaram com apenas 7,1% dos R$ 3,010 bilhões obtidos pelos governos e prefeituras no mercado.
Embora todo o setor público -União, estatais, Estados e municípios- esteja gastando mais do que arrecada, a situação é mais grave nos dois últimos casos.
Mesmo que não tivessem dívida para pagar, os governos estaduais e municipais continuariam com déficit -de R$ 2,752 bilhões até maio último.
Como comparação, o governo federal, se não tivesse que pagar juros da dívida, teria um superávit de R$ 3,352 bilhões em vez do déficit de R$ 2,795 bilhões registrado até maio.
A dívida dos Estados e municípios continua crescendo. O débito na forma de títulos (e não de empréstimos em moeda) registrou R$ 46,527 bilhões em julho.
O valor representa uma alta de 2,5% em relação a junho (R$ 45,376 bilhões) e de 125,3% desde julho de 94, lançamento do Real.
Queda da inflação
Segundo Jairo Ferreira, chefe do Departamento da Dívida Pública do BC, a queda da inflação contribuiu para a piora das finanças estaduais e municipais.
"Antes, um Estado podia atrasar o pagamento da folha por dez dias e conseguir pagar uma dívida", exemplificou.
Ferreira disse que os programas de privatização e demissão voluntária demonstram a preocupação dos Estados e municípios com a situação atual.

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