São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Brasil vive inflação de extraterrestres

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

A ETmania que já levou 30 milhões de americanos aos cinemas para assistir "Independence Day" e que congestiona as linhas telefônicas da Nasa (a agência espacial americana) por causa da recente descoberta de possível existência de vida em Marte chegou ao Brasil.
Institutos de observação do sistema solar, revistas especializadas e os principais grupos de ufólogos estão recebendo uma enxurrada de telefonemas de curiosos e de pessoas que dizem ter tido "contatos de 1º, 2º e 3º graus".
Nos centros de observação, o acréscimo de "interessados" é de pelo menos 30%. "Recebemos cerca de 30 ligações por mês", afirma Ricardo Varella, 38, chefe do setor de balões do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
"Estamos notando que as pessoas que chegam aqui, seja para fazer curso ou para observar o céu, estão mais interessadas em ETs", afirma Irineu Gomes Varella, diretor do Planetário de São Paulo.
O crescimento de interesse também foi notado no Observatório Nacional, no Rio. "Muitas pessoas ligam para cá. Há pessoas que reinventam a teoria da relatividade, há os que querem discutir astronomia e agora os que dizem ter visto naves espaciais", diz o diretor, Sayd Codima-Landaberry, 70.
As revistas especializadas estão aproveitando o momento. A "Planeta", por exemplo, não fala só de ufologia, mas 34% de seu público tem total interesse no assunto. Ela está preparando um número especial sobre o ET de Varginha (MG).
A revista começou a circular há 22 anos. Hoje, vende 70 mil por mês. A "UFO" não teve mudança na tiragem, mas seu editor, Ademar Gevaerd, 34, está feliz com o aumento de interesse do público.
Verdade ou mentira
Coincidência ou não, ufólogos acreditam que o Brasil esteja vivendo um momento "de intensa atividade" -ou seja, "eles estão chegando", como em "Independence Day", que mostra a invasão da Terra por alienígenas.
"É a maior onda de avistamentos nos últimos 30 anos", diz o ufólogo Ubirajara Rodrigues, presidente do Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores.
Claudeir Covo, presidente do Infa (Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais), diz que os fenômenos triplicaram desde agosto de 95.
Edson Boaventura Jr., do Grupo Ufológico do Guarujá, afirma que dobrou o número de "avistamentos" este ano. Só este mês ele recebeu três chamados -dois "avistamentos" e um "sequestro".
Para os "ETcéticos", não há indícios de que extraterrestres tenham mantido contato com humanos. "Acreditar ou não deixou de ser uma questão científica e virou uma questão de fé. E fé não se discute", diz o diretor do Observatório Nacional.
"Fiquei 45 anos olhando para o céu e nunca vi nada que não tivesse uma explicação. Se existe vida fora da Terra, não chegou aqui."

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