São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 1996
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Secretário descarta o apoio do Exército

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, José Afonso da Silva, descartou a necessidade de intervenção do Exército para conter a onda de violência no Estado.
"Não tem cabimento a utilização do Exército. São Paulo não tem uma área onde a polícia não pode entrar, como acontece no Rio," afirmou o secretário.
"No Rio, houve a necessidade de intervenção do Exército, em um certo momento, porque não se distinguia o que era bandido e o que era polícia. Mas, de modo geral, o Exército não tem de fazer o papel da polícia."
O secretário rebateu as críticas do Conselho Comunitário de Jardins e Cerqueira César, de parte dos Consegs (os conselhos comunitários de segurança) e da Associação dos Advogados Criminalistas do Estado (Acrimesp), que afirmaram que vão entregar esta semana ao governador Mário Covas um pedido para que o secretário da Segurança seja exonerado do cargo.
"Eu considero esses pedidos normais. Especialmente daqueles segmentos que querem uma polícia truculenta, que mata. Esses segmentos sempre pediram o meu afastamento", contou o secretário.
Silva disse que não promoverá nenhuma operação específica para controlar a violência em locais de concentração de jovens na zona sul de São Paulo porque, segundo ele, não há necessidade para isso.
"Nos últimos dias ocorreram fatos isolados nessa região, não há uma onda de violência. Não vou fazer programa para uma região (a de Moema) onde ocorreram seis homicídios no último semestre."
Ele disse que reconhece a movimentação da sociedade. "Sempre defendi a participação popular. Mas é preciso que essa participação seja de toda a sociedade e não só da elite", afirmou Silva, referindo-se às vítimas de classe média.
Números
O secretário disse que a criminalidade tende a crescer, sem que represente uma onda de violência.
"De 1992 a 1993, a criminalidade aumentou 18% no Estado. De 93 a 94, 14%. No primeiro semestre deste ano, aumentou cerca de 6% no Estado, mas, em compensação, na capital, subiu apenas 1,7%."
Segundo ele, dados da Secretaria de Segurança mostram que os homicídios dolosos (quando há intenção) diminuíram 17% no último trimestre em comparação com o primeiro trimestre deste ano.
No entanto, de acordo com os mesmos dados, o total de delitos (crimes contra a pessoa, contra o patrimônio e tráfico de drogas) aumentou 9% na capital.

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