São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 1996
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Tim Maia lança dois discos e grava terceiro

MARISA ADÁN GIL
DA REPORTAGEM LOCAL

Tim Maia está fazendo o que sempre quis. Na primeira semana de setembro, chegam às lojas dois dos projetos mais pessoais do maior cantor de soul/funk do país.
"Tim Maia - What a Wonderful World" é uma reunião de hits dos anos 50 e 60, incluindo músicas de Sam Cooke e dos Drifters.
Já "Tim Maia & Os Cariocas" reúne sucessos da bossa nova, regravações de hits próprios e duas músicas inéditas (uma é de Dominguinhos, a outra é de Lenine e Braulio Tavares).
Os dois trabalhos serão lançados pela gravadora do cantor, Vitória Régia. Tim Maia prepara ainda um terceiro, para ser lançado em três meses, com canções inéditas -uma das exceções é "Eu Sei que Vou Te Amar", de Tom Jobim.
Com 30 quilos a menos -resultado das cirurgias que sofreu em abril passado, por causa de uma infecção urinária-, o cantor prepara-se para se apresentar ao vivo a partir de setembro.
A seguir, os principais trechos da entrevista exclusiva que concedeu à Folha, por telefone, da sede da sua gravadora, no Rio.
*
Folha - Por que lançar dois discos ao mesmo tempo?
Tim Maia - Estou fazendo agora o que eu gostaria de ter feito nas gravadoras, mas nunca tive oportunidade. São discos que idealizei há muito tempo. Também são interativos, mais difíceis de fazer. Não é como a Polygram faz, ou a Som Livre.
Folha - Como estão as gravações de "Pro Meu Grande Amor"?
Tim Maia - Já gravei quatro faixas. Duas são lentas: "Eu Sei Que Vou Te Amar", do Antonio Carlos Jobim, e a faixa-título. As outras vão ser balançadas. Só vou gravar músicas minhas. Parei de gravar músicas dos outros, já que estou sendo acionado por dois compositores. Dos três, esse é o disco que pretendo vender mais. Mas não estou nessa. Estou com 53 e já não preciso mais.
Folha - Como selecionou as músicas de "What a Wonderful World"?
Tim Maia - Tinha vontade de gravar as músicas que eu cantava quando morei nos Estados Unidos, nos anos 60. Obedeci às gravações originais, gravei no mesmo tom, com os mesmo arranjos.
Gravei "On Broadway" como os Drifters gravaram, não como o George Benson gravou. E gravei duas do Sam Cooke, de quem sou fã. Para "When We Get Married", estou fazendo um clipe com um casamento de gays.
Folha - Como vai ser o clipe?
Tim Maia - Vou chamar aquele casal que mora em Curitiba, aquele cara inglês que mora com um gay brasileiro e quase teve que sair do país, porque não conseguia visto. Acho isso estúpido. Ninguém precisa ou deve ficar sozinho. A solidão é a pior coisa do mundo. Sou a favor da união de qualquer tipo de coisa.
Folha - O disco com o grupo vocal Cariocas é mais uma incursão pela bossa nova?
Tim Maia - Bossa nova é um título que algumas pessoas inventaram. Acho que é um disco ligado à música popular brasileira. "Ter Você", do Dominguinhos, é um xote. "Essa Tal Felicidade" é aquela que o Boni mandou tirar da novela. Estamos precisando urgentemente de uma TV a cabo, uma MPBTV. Alguém precisa falar para o Fernando Henrique, esse que passeia pra caramba, para ele dar uma concessão para a gente.
Folha - Você gostou da experiência das faixas interativas?
Tim Maia - A faixa interativa é como aquela mulher gostosa, que o cara casa com ela, mas é broxa. Quem desfruta são os outros: o fotógrafo que parece que é gay, mas não é, o maquiador que parece que é bicha, mas não é.
Folha - Você também vai ter um endereço na Internet.
Tim Maia - Estamos na época de ultrapassar as barreiras de comunicação. É só apertar um botãozinho, estamos no mundo. Não precisamos mais de ninguém. As mesmas pessoas que escravizavam a gente inventaram a tecnologia que nos libertou. Agora sou "www".
Folha - Você pretende fazer shows em breve?
Tim Maia - Vou fazer shows a partir de setembro, mas só um por mês. Estou decepcionado com os músicos. Vou reformular luz e som. Também perdi uns quilinhos pra ficar mais sexy. Estou com 110 kg, perdi 26 kg por causa da infecção no saco. Não vou mostrar a bunda como a Rita Lee, mas vou fazer uma performance legal.

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