São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 1996
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Rússia ordena saída de civis de Grozni

País promete ataque final

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Exército da Rússia ordenou que todos os civis se retirem de Grozni, a capital da Tchetchênia, para que os soldados russos possam lançar um ataque decisivo contra os separatistas que tomaram o controle da cidade.
O comandante-interino das forças russas na Tchetchênia, Konstantin Pulikovski, ameaçou lançar operações militares de grande escala a partir de quinta-feira.
Ele garantiu que todos os civis poderão sair de Grozni entre hoje e quinta por um corredor de segurança a ser criado pelo Exército.
A operação foi anunciada depois de um ultimato dado pelo presidente russo, Boris Ieltsin, ao secretário do Conselho de Segurança, Alexander Lebed, responsável pela situação na Tchetchênia enquanto o presidente descansa.
O Kremlin (sede do governo russo) negou ontem informações da revista americana "Time" segundo as quais Ieltsin teria piorado e poderia ser operado nesta semana.
'Todas as forças'
O comandante-interino russo disse que pretende usar "todas as forças e meios à disposição". Antes do início da guerra na região, Grozni tinha 400 mil habitantes.
Os separatistas da Tchetchênia declararam independência em 1991 e são reprimidos pelas tropas russas desde dezembro de 1994.
A maior parte de Grozni foi tomada pelos rebeldes em uma ofensiva iniciada no dia 6 de agosto, que já deixou centenas de mortos.
Ontem, o porta-voz dos separatistas, Movladi Udugov, disse que os russos já começaram a atacar posições tchetchenas na cidade, supostamente rompendo um cessar-fogo acertado sábado.
A informação não pôde ser confirmada, e o Exército russo negou que estivesse realizando qualquer ataque contra os tchetchenos.
Ultimato
Ieltsin ordenou ontem que o general Alexander Lebed restabeleça a ordem em Grozni e que apresente um plano para acabar com a guerra em uma semana.
O presidente russo teria dado o ultimato desde a sua casa de campo em aldeia próxima a Moscou.
O porta-voz Igor Igantiev disse que o presidente estava trabalhando e que não faria nenhuma operação, negando informações da revista americana "Time".
O presidente Ieltsin, 65, foi internado duas vezes com problemas cardíacos no ano passado.
A "Time" disse ter obtido relatório de médicos do Kremlin indicando que Ieltsin teria tido um novo problema cardíaco e que iria para uma clínica na Suíça.
A Suíça afirmou ontem que não recebeu nenhuma indicação de que Ieltsin poderia ir ao país.
O jornal alemão "Bild" chegou a dizer que Boris Ieltsin precisa de um transplante de coração e que pode até já tê-lo feito.

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