São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 1996 |
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Herzog elogia o inapto
INÁCIO ARAUJO
Hoje, quase 20 anos depois, o cineasta alemão está na baixa, sumido. É boa hora para rever seu filme. Está certo, é mais uma balada dedicada aos socialmente inaptos (como "Kaspar Hauser"), aos supostamente imbecis, aos incapazes de compreender os códigos de convivência. Sabe-se, ao mesmo tempo, que o mundo é cada vez menos tolerante com a diferença. Na nova ordem global, há que lutar por um lugar, aplicar-se. Não há espaço para amadores ou marginais. "Stroszek", o filme, tende a aparecer como um incômodo e seu personagem como uma impertinência. No caso, ele dá com os costados nos EUA, vive toscamente o "sonho americano", acaba cruelmente despojado dele (a cena em que sua casa é retomada continua antológica). Herzog confronta o padrão (imaginário, pelo menos) de eficiência, a um paradigma da ineficácia. Termina por afirmar um outro sonho: o de um mundo em que todos tenham lugar. Pode ser um tanto fora de moda. Por sorte, sonhos desconhecem a moda. (IA) Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: Da arte de arrumar cadáveres e livros Índice |
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