São Paulo, sábado, 24 de agosto de 1996
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Paula diz que Pádua inventou versão

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Paula de Almeida Thomaz, 22, repetiu à Folha que, ao contrário do que afirma seu ex-marido, é inocente. Ela disse que não matou Daniella Perez nem estava no local onde a atriz foi assassinada, na noite de 28 de dezembro de 1992.
Em entrevista concedida por escrito, Paula diz que o ex-marido, Guilherme de Pádua, 26, mente ao afirmar que ela desferiu os golpes fatais contra a atriz.
Pádua contou, em entrevista esta semana, que Daniella estava desfalecida em consequência de uma "gravata" aplicada por ele. Assustado, achando que ela estava morta, ele teria se afastado para adulterar a placa do carro. De costas, não teria visto a então mulher dar os golpes que teriam causado a morte da atriz.
O objetivo de Pádua e de seu advogado, Paulo Ramalho, seria, segundo Paula, fazer com que ela assumisse o crime. "Não aceitei porque sou inocente", afirma.
Em consequência de uma possível confissão dela, Pádua poderia ser até inocentado e Paula, caso condenada, poderia pegar uma pena pequena, atenuada pelo fato de estar presa há quase quatro anos.
"Estou muito decepcionada com essas histórias que ele inventou", disse.
Na próxima quarta-feira, Pádua e Paula serão julgados no 1º Tribunal do Júri do Rio sob a acusação de terem assassinado Daniella.
A atriz trabalhava com Pádua no elenco da novela "De Corpo e Alma", da Rede Globo, escrita por Glória Perez, mãe de Daniella.
*
Folha - O que você acha da nova versão do Guilherme, que disse que você teria dado as tesouradas sem ele ver?
Paula Thomaz - Não tenho que achar nada. Eu não matei Daniella nem estava no local do crime.
Folha - Qual sua expectativa para o julgamento? Acredita que será absolvida?
Paula - Sou inocente. Apesar de tanta injustiça, ainda acredito na Justiça.
Folha - Qual a razão de seu ex-marido a estar acusando pelo assassinato?
Paula - Só pode ser para se salvar. Ele era um bom marido, mas mudou muito. Estou muito decepcionada com essas histórias que ele inventou.
O argumento dele e do advogado é que, se eu assumisse o crime, teria atenuantes da condenação, por estar grávida e ter menos de 21 anos na época. Não aceitei porque sou inocente.
Folha - Você chegou a confessar o crime para policiais da delegacia da Barra da Tijuca?
Paula - Isso é uma maldade. Eles rodaram comigo e com minha mãe por mais de cinco horas. Eu estava grávida, passava mal, vomitava. Não confessei nada. É tudo mentira.
Folha - Como é a vida na cadeia?
Paula - É muito triste. Sinto saudades do meu filho (Felipe, 3). Minha sorte é que minha família nunca me faltou. Sem minha família não sei se teria resistido.

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